João Pessoa e Campina Grande apresentam queda em vacinação contra hepatites virais
Cidades paraibanas como João Pessoa e Campina Grande vêm registrando nos últimos quatro anos uma diminuição gradual no índice de vacinação contra as hepatites virais dos tipos A e B, o que preocupa as autoridades paraibanas. E isso faz com que o Julho Amarelo, que tem por finalidade reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle da doença, torne-se ainda mais importante em 2023. O dia 28 de julho, a propósito, é definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o Dia Mundial das Hepatites Virais.
Os dados são do sistema Data/SUS do Ministério da Saúde do Governo Federal. Em Campina Grande, por exemplo, nos anos de 2018 e 2019, a cidade chegou a vacinar além do público alvo prioritário. Entre as vacinas para Hepatite A, foram 102,27% e 100,89% respectivamente, enquanto para a Hepatite B os índices foram de 103,08% e 91,7%.
Em João Pessoa, mesmo que os números ficassem abaixo daquilo registrado em Campina Grande, ainda assim a média ficava em torno de 80% do público alvo prioritário. Os números nas duas cidades, contudo, começaram a baixar a partir de então e chegou em uma média de 40% em ambas em 2002.
De acordo com o Ministério da Saúde, a hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. É uma doença que pode ser leve, moderada ou grave, mas que pode ser tratada.
Para além disso, a questão é que, embora a vacina não imunize a população para todos os tipos de hepatites, ela é altamente eficiente para dois dos tipos mais comuns, o A e o B.
Nem sempre a doença apresenta sintomas, mas, quando aparecem, estes se manifestam na forma de cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Julho Amarelo na Paraíba
Na Paraíba, a unidade de referência para o tratamento das hepatites é o Complexo de Doenças Infecciosas Clementino Fraga, localizado em João Pessoa. Por causa do Julho Amarelo, a unidade hospitalar ampliou a oferta de atendimentos, orientação e prevenção contra a doença, que inclui o aumento no número de testagem da população e de encaminhamento para tratamento dos casos positivos.
De janeiro a maio de 2023, foram realizadas mais de 300 consultas no ambulatório de hepatites do complexo, o que foi aumentado durante julho.
Os testes são realizados no auditório do Clementino Fraga, das 8h às 11h e das 13h às 16h e seguirá até o dia 31. O resultado do exame sai em poucos minutos e , quando necessário, o encaminhado para o tratamento é imediato.
No período de 2018 a 2023, foram notificados 440 casos de hepatites virais no Clementino Fraga. A população, de toda forma, pode comparecer às unidades básicas de saúde (UBS), onde é possível fazer o teste rápido de detecção das hepatites. Em casos positivos, os médicos fazem o devido encaminhamento.
Locais para se vacinar contra as hepatites virais
O g1 conversou com Marcia Mayara, chefe do núcleo de imunização da SES. Ela explicou que o Ministério da Saúde (MS), por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI), oferta vacinas contra as hepatites A e B no Calendário Nacional de Vacinação.
Esses imunobiológicos estão disponíveis nas salas de vacinas de rotina dos serviços públicos de Saúde dos 223 municípios do estado e disponíveis também no Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) para pacientes com condições clínicas especiais.
Formas de prevenção contra as hepatites
Marcia relata que a vacina contra a hepatite A é altamente eficaz e segura e é a principal medida de prevenção; outras formas de prevenir a hepatite A se dá pelo:
- Saneamento básico;
- Tratamento adequado da água;
- Cozimento de alimentos;
- Pelo ato de lavar sempre as mãos antes das refeições.
A vacinação também é a principal forma de prevenção contra a hepatite B, sendo extremamente eficaz e segura.
Marcia recomenda que:
- Preservativos sejam usados nas relações sexuais;
- Não compartilhar objetos de uso pessoal (como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure);
- Equipamentos para uso de drogas.
Sobre as hepatites virais
Justamente por causa do Dia Mundial das Hepatites Virais acontecer neste mês, o Julho Amarelo foi instituído no Brasil a partir da Lei nº 13.802/2019. Mesmo assim, ela só foi de fato sancionada neste ano de 2023 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Reforçar a conscientização da população para a questão é o principal objetivo.
Entre as formas de contágio das hepatites virais, elas podem acontecer em locais com condições precárias de saneamento básico e com baixa qualidade de água, de higiene pessoal e de alimentos.
Pode acontecer também através de relação sexual desprotegida ou contato com sangue contaminado, através do compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos perfuro-cortantes. Existe a possibilidade ainda da transmissão da mãe para o filho durante a gravidez.
É justamente por causa de todas essas possibilidades, que a vacinação da população é importante.
Por serem doenças silenciosas, que atingem o fígado em um processo infeccioso, as hepatites virais muitas vezes evoluem para doenças mais graves, como câncer hepático ou cirrose, sem que o paciente tenha um diagnóstico.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 5,4 milhões de pessoas vivem com infecções por hepatite B, mas apenas 18% delas sabem que estão infectados e apenas 3% recebem tratamento.
O objetivo do Julho Amarelo, portanto, é envolver a administração pública, instituições da sociedade civil e organismos internacionais presentes no Brasil em atividades que tenham foco na conscientização, prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos. A lei determina ainda que essas atividades devem ser desenvolvidas de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).
Com G1/PB