barragem mariana scaled

A Agência Nacional de Mineração (ANM) interditou o uso de três pilhas de material na mina de Fábrica Nova, da mineradora Vale, em Mariana, a 110 km de Belo Horizonte.

Segundo a agência, a decisão foi tomada devido à “não comprovação da estabilidade das referidas pilhas”, caracterizando “risco iminente”. O órgão, entretanto, não destacou quais são os riscos.

O documento assinado na última sexta-feira (10) autoriza a realização de atividades para restabelecimento da estabilidade. A comprovação da correção é a condição apresentada para a desinterdição.

A interdição, segundo a ANM, vale para a disposição de estéril nas pilhas PDE Permanente I, PDE Permanente II e PDE União Vertente Santa Rita. Os espaços são onde as empresas colocam o material removido da mina que não tem valor, como a terra escavada em busca de minério.

A Vale estima que 295 pessoas frequentam áreas em que elas teriam aproximadamente até 30 minutos para se salvar em caso de rompimento da barragem Permanente I. Os cáculos incluem quase 144 moradores, funcionários de empresas da região e 137 trabalhadores da própria mineradora. Eventual colapso iria atingir a própria área da Vale e Santa Rita Durão, distrito de Mariana.

Representantes da mineradora, da prefeitura e da Defesa Civil realizam vistoria na mina nesta segunda-feira. Segundo a Prefeitura de Mariana, até o momento, não há pedido para que moradores do entorno sejam retirados de casa.

Procurada, a Vale informou que acompanha a vistoria “para os esclarecimentos necessários sobre as condições de estabilidade das estruturas, que permanecem inalteradas”. “Importante reforçar que as estruturas geotécnicas da companhia são vistoriadas frequentemente pela agência reguladora e monitoradas permanentemente por equipe técnica especializada”, completou comunicado da mineradora.

Problema antigo

O R7 teve acesso a documentos da ANM que indicam que o problema pode ser antigo. Na última sexta-feira, representantes da agência se reuniram com representantes da Defesa Civil Estadual para discutir a situação da mina.

No encontro, Luiz Paniago, Superintendente de Segurança de Barragens de Mineração da ANM, informou que o Dique PDE 1, uma das três localizadas a montante da barragem PDE Permanente 1, ” apresenta valores de fator de segurança abaixo do preconizado em norma”, apesar de se tratar de “pilha não suscetível à liquefação”. Liquefação é o fenômeno que causou o rompimento da barragem de Brumadinho, na Grande BH, em 2019, quando o material sólido se tornou líquido rapidamente.

Segundo Paniago, a situação foi indicada em relatório produzido por uma empresa terceirizada em 2020. Segundo a ata da reunião, a Vale juntou o relatório em setembro de 2023 “para cumprir exigência formulada pela equipe de fiscalização da Gerência Regional da ANM em Minas Gerais”.

Na mesma reunião, o gerente da ANM em Minas Gerais, Leandro Carvalho, informou que preparou a interdição das pilhas após tomar conhecimento sobre o despacho.

O superintendente de fiscalização José Antônio informou, à época, que “a Vale instalou bombas para rebaixar o reservatório da barragem PDE Permanente I, de forma a reduzir os impactos da mancha de inundação em caso de perda de contenção do Dique PDE I em razão de ruptura do talude da pilha de estéril”.

Durante a discussão, o representante da Defesa Civil destacou a importância de fiscalização na mina para “para verificar os equipamentos de autoproteção, as rotas e sinalizações”. A equipe ainda informou que atualmente há 123 residentes “na atual mancha com tempo de chegada de onda pouco superior a 30 minutos”.

Com R7.com