Os adversários do prefeito Cícero Lucena começaram o dia em êxtase com.a operação da Polícia Federal em colaboração com a Polícia Militar do Estado, com o objetivo desarticular e aprofundar a coleta de elementos de prova acerca de um grupo criminoso que atua em João Pessoa e na Região Metropolitana. Mas, por outro lado, certamente foram surpreendidos com a tranquilidade com que o gestor pessoense reagiu ao episódio, numa atitude diametralmente oposta aos seus opositores, quando confrontados com situações pouco ou nada agradáveis, vide o caso do deputado Ruy Carneiro (Podemos), condenado a 20 anos de prisão, e a devolução de R$ 750 mil aos cofres públicos, pelos crimes de peculato, fraude em licitação e lavagem de dinheiro naquele que ficou conhecido como caso Desk, conforme sentença do juiz Adilson Fabrício Gomes Filho, em um processo que correu em segredo de Justiça, mas terminou vazando pela imprensa recentemente.

Diferentemente de Cícero Lucena, que demostrou tranquilidade,, após desdobramentos sobre a operação da Polícia Federal, na qual realizou busca e apreensão 18 mandados judiciais, sendo sete de prisão preventiva e 11 de busca e apreensão nas Secretarias de Saúde, Direitos Humanos e Cidadania e na Autarquia de Limpeza Urbana de João Pessoa, Ruy Carneiro partiu para o ataque à imprensa e ao judiciário, chegando a espalhar outdoors por toda a cidade, numa clara confrontação com o judiciário, que apenas cumpriu o seu dever jurisdicional de decidir sobre aquilo que os autos processuais versavam.

Cicero poderia ter adotado o mesmo caminho de Ruy, argumentar que tudo não passa de perseguição politica e coisa e tal, mas, pelo contrario, destacou medidas tomadas pela prefeitura, desde o ano passado, para evitar contratação de pessoas envolvidas com práticas criminosas, como a exigência de certidão negativa criminal dos contratados e defendeu apuração rigorosa e punição aos eventuais responsáveis. Em relação à secretaria de Saúde, Janine Lucena, sua filha, ser alvo de busca e apreensão, desmistificou ter sido “em função de ter uma ligação do presídio para seu telefone.”

“Ela é uma mulher pública, se você ligar, ela lhe atende. Ela recebeu uma ligação que poderia ter sido sua (repórter) dentro do presídio. Como ela ia adivinhar se você estava me entrevistando ou numa cela?. Estou muito tranquilo e quero que a polícia apure se, eventualmente, houver servidores do município com alguma culpa que sejam responsabilizados. Nós, inclusive, já determinamos que seja apurado com efetividade”, pontuou.

Aliás, por dever de justiça, Cícero nem a sua administração são acusados de absolutamente nada, já que a operação dessa sexta-feira (3) deixou bastante claro que “elementos estão sendo colhidos para aprofundamento de investigações”, conforme acentuou a PF em comunicado à imprensa, mas , de forma irônica, Ruy e outros adversários do prefeito pessoense trataram de sentenciar algo que ainda está em fase preliminar.

Mas, se reparar bem, essa conduta não é uma novidade na Paraíba. Quem não se lembra do ex-governador Ricardo Coutinho, no auge de sua performance de paladino da moralidade e do bem publico. Bom, o tempo e a história trataram de colocar o ex-inquilino da Granja Santana em seu devido lugar.

Questionado se temia a exploração política dos adversários sobre o assunto, o prefeito disse  que tem a consciência tranquila em relação as acusações que devem vir. “Já fui vítima de outra acusações e Deus me deu a oportunidade de provar minha inocência. O que me alimenta é minha fé e tranquilidade. Quanto as adversários quererem aproveitar isso, tem gente que não tem caráter e aproveita”, prognosticou relembrando a reviravolta na Operação Confraria, na qual teve sua trajetória política reparada por intermédio de decisão judicial que repeliu todas as denúncias formuladas e/ou adubadas por Coutinho à época.

E se a eleição que se aproxima será uma oportunidade do eleitor/eleitora comparar modelos e perfis administrativos, o episódio dessa sexta evidencia a certeza de, no quesito postura, Cícero e Ruy Carneiro estão em campos inexoravelmente opostos e os fatos falam por si.

Ivandro Oliveira é jornalista