Segundo dados divulgados no relatório chamado Produtividade na Indústria, o segmento da indústria da transformação registrou uma queda de 1,3% no primeiro trimestre de 2024 em comparação ao trimestre anterior. O índice, que mede o volume produzido dividido pelas horas trabalhadas, foi impactado por um aumento de 1,0% na produção, enquanto as horas trabalhadas cresceram 2,3% no período. Esses resultados, ajustados para efeitos sazonais, indicam uma interrupção na trajetória de alta que vinha sendo observada anteriormente.

Conforme informado na publicação, a queda de produtividade ocorreu apesar do crescimento na produção, indicando que o aumento das horas trabalhadas foi maior do que a expansão do volume produzido. Essa dinâmica reflete um momento de ajuste no setor, onde novos postos de trabalho foram criados, exigindo tempo para que os trabalhadores recém-contratados atinjam níveis ótimos de produtividade. Quando se considera a produtividade por número de trabalhadores, o indicador manteve-se praticamente estável, com uma leve variação de -0,1%, sugerindo que o impacto maior se deu especificamente no tempo de trabalho.

O relatório aponta que, embora tenha ocorrido uma queda em comparação ao trimestre anterior, a produtividade no primeiro trimestre de 2024 ainda mostra um crescimento de 0,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Na comparação do acumulado em 12 meses, observa-se que o índice interrompeu a tendência de queda que vinha sendo observada desde 2020, o que poderia indicar uma possível estabilização ou até uma recuperação gradual no futuro próximo, caso as condições de produção e trabalho se acomodem.

Ainda na publicação, nota-se que a demanda por bens manufaturados tem mostrado um crescimento consistente nos últimos cinco meses, com uma alta acumulada de 5,2% em março de 2024 em comparação a outubro de 2023. No entanto, conforme o relatório, grande parte dessa demanda vem sendo atendida por bens importados, já que a produção nacional cresceu apenas 1,9% no mesmo período. Esse descompasso entre demanda e produção interna pode ser um dos fatores que pressionam a produtividade do trabalho, já que a capacidade produtiva nacional não acompanhou o ritmo das horas trabalhadas.

José Antônio Valente, diretor da empresa de franquia de máquinas e equipamentos Trans Obra, afirmou que os dados apresentados no relatório sobre a produtividade da indústria de transformação no primeiro trimestre de 2024 revela não apenas um momento de transição, mas também destaca a necessidade de uma visão estratégica mais ampla para o futuro do setor. José Antônio continuou dizendo que a queda de 1,3% na produtividade, mesmo diante de um aumento de 1,0% na produção, reflete desafios estruturais que a indústria brasileira enfrenta, especialmente em um cenário onde a demanda por bens manufaturados está em alta, mas a capacidade produtiva nacional não está acompanhando esse ritmo. “Essa dinâmica evidencia a importância de uma abordagem inovadora para melhorar a produtividade do trabalho na indústria”.

A análise apresentada no relatório, mostra que o mercado de trabalho na indústria de transformação está aquecido, o que sinaliza a possibilidade de uma recuperação da produtividade nos próximos meses. O relatório sugere que a acomodação das horas trabalhadas, com uma redução no ritmo de crescimento, aliada a um aumento mais robusto na produção, poderia levar a um cenário mais favorável para a produtividade no setor.

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