A Confederação Nacional de Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer (CONIACC) realiza mais uma edição do Setembro Dourado, uma campanha nacional que visa conscientizar a população e as autoridades municipais, estaduais e federais sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil.

Considerada a principal causa de mortes por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos no Brasil, essa forma de câncer tende a ser mais agressiva e de rápida evolução. No entanto, também apresenta melhores respostas aos tratamentos, com chances significativas de cura quando detectada precocemente. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) indicam que, para cada ano do triênio 2023 a 2025, são estimados 7.930 novos casos de câncer infantojuvenil no Brasil. A cada hora, um novo caso é identificado, e estima-se que mais de 4.500 crianças e adolescentes não recebam diagnóstico adequado anualmente.

Vera Lucia de Paula Silva, Diretora de Mobilização Social da CONIACC e membro do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC), destaca que o diagnóstico precoce é uma das principais bandeiras da campanha. “Em países com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), as chances de cura chegam a 80%, enquanto no Brasil esse índice é de cerca de 64%. Faltam informações adequadas sobre os sinais e a velocidade de evolução do câncer nessa fase da vida. Um levantamento do INCA aponta que o tempo entre a percepção dos sintomas e a confirmação diagnóstica é longo, fazendo com que muitos pacientes cheguem ao tratamento em estágios avançados, reduzindo as chances de cura. É fundamental mudar essa realidade”, afirma Vera.

Além da campanha, a CONIACC integra a Frente Parlamentar da Prevenção e Combate ao Câncer Infantil (FP), uma entidade civil de âmbito nacional que busca aumentar os índices de cura. A Frente Parlamentar conta com o apoio de um Comitê Estratégico, que fornece subsídios técnicos e promove debates sobre as principais necessidades relacionadas à causa, envolvendo instituições, casas de apoio e hospitais.

Uma das conquistas recentes da Frente foi a sanção da Lei 14.308/2022, que instituiu a Política Nacional de Atenção à Oncologia Pediátrica. Entre os principais objetivos da lei estão o aumento da sobrevida, a priorização do diagnóstico precoce, a redução da mortalidade e a melhoria da qualidade de vida de crianças e adolescentes com neoplasias. “É essencial que as autoridades públicas, principalmente estaduais e municipais, implementem a lei com urgência. Dessa forma, mais crianças receberão tratamento adequado em centros especializados”, aponta Rocco Francesco Donadio, Diretor de Comunicação e Marketing da CONIACC e um dos fundadores da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente com Câncer da Serra Gaúcha (DOMUS).

Donadio reforça que a luta contra o câncer infantojuvenil é uma missão de vida. “Não podemos admitir que as crianças não tenham as mesmas oportunidades de cura que os adultos. Nosso trabalho é garantir que elas tenham perspectivas reais de cura e uma vida saudável. O câncer não é mais uma sentença de morte, e a chance de cura é muito real”, ressalta.

Vera complementa, enfatizando o impacto do câncer na família como um todo. “Quando uma criança adoece, toda a família é afetada. Nosso objetivo é levar esperança. Juntos, podemos fazer a diferença”, afirma, destacando o lema da CONIACC: “Quem ama está sempre atento”.

Sobre a campanha

Criada pela agência Love Comunicação, de Caxias do Sul (RS), a campanha utiliza a “Turma CONIACC”, composta por personagens infantis, como uma girafa, elefante, zebra, dromedário, porco e urso panda. Esses personagens são os anfitriões das peças publicitárias, que destacam os sinais de alerta para o câncer infantojuvenil, incentivando o diagnóstico precoce.

Atenção aos sintomas do Câncer Infantojuvenil

A campanha da CONIACC chama atenção para sintomas como:

  • Cansaço, palidez e perda de peso: quando acompanhados de dor abdominal, febre inexplicável, alterações intestinais ou urinárias, podem indicar tumores como neuroblastoma, tumor de Wilms ou linfoma de Hodgkin.

Outros sintomas a serem observados incluem:

  • Palidez, manchas roxas no corpo ou sangramentos, dor óssea;
  • Caroços ou inchaços indolores, sem febre ou sinais de infecção;
  • Perda de peso inexplicada, febre persistente, tosse ou falta de ar, suor noturno;
  • Alterações nos olhos, como pupila branca, estrabismo recente, perda visual ou inchaços ao redor dos olhos;
  • Inchaço abdominal;
  • Dores de cabeça persistentes ou incomuns, vômitos (principalmente pela manhã ou progressivos ao longo dos dias);
  • Dor em membros ou ossos, inchaço sem trauma aparente;
  • Fadiga, letargia ou mudanças no comportamento, como isolamento;
  • Tontura, perda de equilíbrio ou coordenação.

Caso esses sintomas sejam observados, é recomendado procurar um médico ou uma unidade de referência em câncer infantojuvenil na região.

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