A educação ambiental vem ganhando destaque como um pilar essencial na formação de cidadãos conscientes e preparados para enfrentar os crescentes desafios dos tempos atuais. No entanto, a forma como este ensino é abordado nas instituições educacionais tem sido motivo de reflexão e debate entre especialistas da área. De acordo com dados do Censo Escolar, verifica-se que 157.227 escolas oferecem turmas do 1º ao 4º ano. Dessas instituições, 102.408 incorporam a temática ambiental em suas disciplinas, enquanto 42.609 desenvolvem projetos específicos voltados para o meio ambiente. O aumento no número de escolas engajadas na educação ambiental é observado em todas as regiões e unidades federativas do país.

Destaca-se que o Centro-Oeste apresenta o maior percentual de escolas que incluíram a questão ambiental em seus currículos, com 73,2% dos estabelecimentos de ensino adotando essa abordagem. No âmbito das unidades federativas, o estado do Amazonas apresenta o índice mais elevado, atingindo 92,5%.

No que se refere à implementação de projetos específicos relacionados ao meio ambiente, destaca-se a Região Sul, onde 50,6% das escolas desenvolvem programas nessa área. Já o estado de São Paulo apresenta o maior índice entre os estados brasileiros, com 65,9% das escolas realizando projetos voltados para o meio ambiente.

A Profa. Doutora Giselle Madureira Bueno, docente no Centro Universitário Paulistana, enfatiza a necessidade de um olhar crítico sobre as práticas pedagógicas adotadas pelas escolas em relação aos projetos de educação ambiental. “É importante que as famílias estejam atentas à maneira como as escolas trabalham os projetos de educação ambiental”, afirma.

Segundo ela, isso é fundamental já que muitas ainda persistem em uma abordagem conteudista e distante da realidade vivenciada pelos estudantes. Essa postura, de acordo com a Profa. Bueno, não se alinha mais com as exigências de um mundo que enfrenta problemas ambientais complexos e urgentes, demandando uma educação que seja ao mesmo tempo inclusiva, prática e conectada com as questões ambientais contemporâneas. O discurso tradicional, centrado em testes e discussões teóricas sobre poluição atmosférica, efeitos estufa e desmatamento, embora importante, não é suficiente. “A questão ambiental está intrinsecamente ligada ao nosso cotidiano e às vivências socioemocionais, exigindo uma abordagem mais integrada na sala de aula”, pontua a professora da UniPaulistana.

As novas gerações demonstram uma crescente consciência da complexidade dos desafios ambientais, mas também revelam preocupação e sentimento de impotência diante do futuro do planeta. “Os jovens se preocupam com os problemas ambientais, confiam na ciência para resolvê-los, mas têm poucas esperanças em relação ao destino ecológico do planeta e sua capacidade de fazer a diferença”, afirma a Bueno.

Nesse contexto, a participação dos pais na educação ambiental de seus filhos torna-se crucial. “É fundamental que os pais acompanhem de perto os programas de educação ambiental oferecidos nas escolas”, ressalta a especialista. Ela enfatiza a importância de uma abordagem inovadora, que envolva pesquisa, conhecimento, comprometimento e ação.

“A educação ambiental não deve ser reduzida a um mero conteúdo pedagógico, mas sim concebida como uma forma de vida que promova o desenvolvimento sustentável”, destaca a doutora. Ela reforça a necessidade de construir novos padrões de ação e comportamento em relação à natureza.

A educação ambiental nas escolas requer uma abordagem mais holística e engajada, que vá além do conhecimento teórico e promova ações concretas e mudanças de comportamento. O papel dos pais nesse processo é fundamental. Para Bueno, adiar as ações para o futuro apenas tornará a tarefa mais árdua.

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