Os primeiros meses do ano são sempre mais desafiadores para a maioria dos brasileiros. Ao mesmo tempo que muitos tentam cumprir suas “promessas de ano novo” de guardar dinheiro e ter uma reserva de emergência, as contas do primeiro trimestre, em geral, comprometem a renda familiar. Dados da pesquisa Dismorfia Financeira, desenvolvida pelo will Bank, revelam que cerca de 90% dos brasileiros não conseguem comprar tudo o que desejam no mês e não contam com reservas para imprevistos. Mas essa relação, muitas vezes conflituosa com o dinheiro, pode ter um final feliz em 2024.

A economista e educadora financeira Mila Gaudencio, parceira do will Bank, destaca cinco atitudes que as pessoas podem incorporar ao dia a dia para construir um vínculo positivo com o dinheiro. Para ela, o primeiro passo a se fazer é mapear todos os gastos e entender a diferença entre custo e estilo de vida.

Mapear e categorizar

Para dar o primeiro passo nesse processo, é importante listar todos os gastos do mês, desde contas de água, luz e moradia até valores de presentes e supérfluos. Com isso será possível entender para onde vai o dinheiro. O segundo passo é categoriza-los em A (alimentação), B (contas básicas) e C (conforto). Com essas informações claras é possível avançar para a próxima etapa, de revisar e fazer mudanças para ter alguma economia. 

“A categoria de conforto, em geral, é a que permite mais ajustes. Mas é muito particular. É onde está a diferença entre custo  e estilo de vida. No estilo de vida estão despesas que a pessoa não abre mão, mas não são primordiais, por isso compõe o custo de vida. Ciente disso é possível adaptar caminhos para que o dinheiro seja um propiciador e não um limitador”, explica Mila.

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Identificação de oportunidades

Compras com amigos e familiares em mercados de atacarejo podem ser uma boa estratégia para deixar as contas básicas referentes à alimentação com um orçamento mais enxuto. A compra em quantidade deixa o valor da unidade menor e a divisão pode compensar. Pesquisar preços também é essencial. “Às vezes compramos em um único estabelecimento por comodidade da rotina”, diz Mila.

Outra dica oferecida pela especialista é usar a concorrência do mercado a seu favor. Em planos de celular, tv a cabo ou internet, é possível utilizar  o benefício da portabilidade para ter acesso a melhores serviços por preços mais competitivos. 

As famosas assinaturas de streamings também entram nessa revisão de despesas. “É possível fazer uma lista de interesses e contratar o serviço por tempo determinado. Depois de maratonar a série ou esgotar a relação de filmes pretendidos naquela plataforma é possível cancelar a assinatura e contratar um outro serviço que ofereça os próximos títulos desejados”, ensina a economista. 

Cashbacks e programas de pontos

A prática de ter uma porcentagem de retorno sobre compra de produtos tem agradado o brasileiro. O uso de cashbacks ainda está em processo de amadurecimento pelo consumidor e o estudo Dismorfia Financeira revela que apenas 17% dos brasileiros são adeptos dessa modalidade. Mas é possível obter boas oportunidades com esse tipo de serviço. 

Plataformas de pontos também devem ser consideradas. Os sistemas de pontuação disponibilizam descontos em serviços como farmácias, viagens, troca de produtos e outros benefícios. “De grão em grão a economia acontece”, ressalta Gaudencio. 

Filosofia do Eu, eu mesmo & Irene (passado, presente e futuro)

A analogia ao famoso filme estrelado por Jim Carrey é uma forma prática de falar sobre as três versões que as pessoas carregam dentro de si. O “eu” representa o passado e as escolhas feitas, o “eu mesmo” traz um retrato do agora com as necessidades atuais e o reflexo das escolhas passadas, e a “Irene” é o futuro, uma desconhecida muitas vezes negligenciada. 

Outro dado revelado pelo estudo feito pelo will Bank, é que 46% das pessoas afirmam que com frequência sentem que um futuro próspero é cada vez mais distante ou até impossível de se alcançar. Mas é possível transformar essa realidade segundo a educadora financeira.

Ao mapear e entender o caminho das finanças pessoais, é possível fazer a relação com essas três versões e identificar um aspecto comportamental que os números revelam. A partir disso, se programar de forma diferente para que o futuro seja um processo positivo e cuidadosamente planejado, evitando ações que se repitam. “Visite seu eu do futuro, estabeleça metas e cuide para que elas aconteçam”, ressalta Mila.

Crie seu ritual

Reinventar a forma como você encara seus gastos faz parte do processo de mudança, por isso, Mila destaca a importância de tornar esse momento prazeroso e de aprendizado. Antes de olhar para as finanças do mês, vale praticar uma atividade que seja divertida ou relaxante para que, ao revisar e ajustar o que for necessário nas finanças, a sensação de bem-estar seja predominante. Criar hábitos financeiros saudáveis também passa pelo autoconhecimento. Com mais poder de informação em mãos e melhores estratégias, as soluções são criadas. 

“No final do dia, o dinheiro é seu amigo e está ali para ser usado com sabedoria. É importante lembrar que uma ação isolada pode não fazer diferença imediata, mas quando se olha a construção de toda essa jornada, criamos hábitos saudáveis que favorecem a médio e longo prazo uma relação mais saudável, transparente e positiva com o dinheiro”, finaliza Mila.  

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