A mobilidade urbana está no centro do debate das cidades inteligentes. Por isso mesmo, o transporte público coletivo está entre as principais políticas deste modelo de gestão municipal.

Segundo o estudo “Tendências e Desigualdades da Mobilidade Urbana no Brasil I: o uso do transporte coletivo e individual”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), a frota de veículos individuais motorizados (automóveis e motocicletas) aumentou em 331% de 2001 a 2020 no país.

Um dos efeitos desse aumento é a deterioração das condições de mobilidade urbana, com o agravamento dos congestionamentos e o aumento do tempo que as pessoas gastam no trânsito.

É por isso que cada vez mais administrações municipais trabalham para promover soluções de mobilidade sustentável em todo o mundo, investindo em transporte coletivo de qualidade.

No Brasil, um dos municípios que mais tem investido e inovado no transporte coletivo é Londrina, que fica no norte do Paraná. Sua população é de 555.937 habitantes, sendo que 45 mil utilizam o sistema de transporte público todos os dias. 

Londrina foi uma das primeiras cidades a ter a frota 100% adaptada a deficientes físicos, veículos com ar-condicionado e a primeira a contar com Wi-Fi disponível para os passageiros nos ônibus e nos terminais. Em 2017, um levantamento do IBGE apontou que entre os 1.679 municípios que dispunham de serviço de transporte coletivo, apenas 197 (11,7%) estavam com a frota totalmente adaptada. Londrina já tinha adaptado sua frota um ano antes.

Todas as regiões do Município possuem um terminal que é integrado aos outros. Esse sistema permite que o londrinense pague apenas uma passagem e faça várias viagens para diferentes bairros. Há também a integração eletrônica, ou seja, todos os usuários que possuem o Cartão Inteligente para o pagamento das tarifas, podem integrar em qualquer ponto da cidade, pagando apenas uma única tarifa, desde que a segunda viagem seja realizada no período de uma hora entre o desembarque e o embarque em outro ônibus.

Antes de encerrar 2023, Londrina avançou ainda mais na gestão da mobilidade. Em 10 de dezembro, quando comemorou 89 anos, os moradores da cidade foram surpreendidos com uma carreata de 147 novos ônibus, o que representa uma renovação de 50% da frota operante.

São modelos Euro 6, com chassi Mercedes-Benz e carroceria Marcopolo. Desse total, 96 veículos foram adquiridos pela Grande Londrina, empresa que opera 65% das linhas e 51 pela LondriSul, responsável por 35% das linhas. O investimento chega a quase R$ 100 milhões.

Além de atender as normas de acessibilidade, os veículos contam com 4 câmeras de monitoramento com sistema de gravação para garantir a segurança dos passageiros. Também há monitores que exibem as paradas e vídeos.

O passageiro escolhe pagar através de diferentes métodos por aproximação, como débito e crédito, seja com o cartão ou celular. Há ainda uma terceira opção, que é o cartão recarregável antecipadamente com créditos de viagens.

Os assoalhos são em duas versões antiderrapantes: alumínio e em Taraflex, material que favorece o isolamento térmico. Já as poltronas são dos modelos City estofadas e City Confort com encosto alto, apoio de cabeça e assento e encosto estofados.

Os ônibus vêm com os novos motores diesel com a exclusiva tecnologia BlueTec 6 da Mercedes-Benz. Esta solução atende à legislação de emissões Proconve P8, equivalente à norma Euro 6, que entrou em vigor no Brasil em janeiro de 2023 para veículos comerciais pesados.

Isso implica em redução de emissão de gases na ordem de 80% de Nox – Óxido De Nitrogênio, 50% de MP – Material Particulado e 72% de HC – Hidrocarbonetos. São 35 vezes a menos emissões se comparadas a veículos com 18 anos de uso e 5 vezes a menos se comparadas aos modelos atuais da versão anterior.

Os motoristas também foram beneficiados com maior conforto e segurança através da tecnologia embarcada, que oferece sistema eletrônico de estabilidade e outras informações sobre o veículo exibidas no computador de bordo.

Essa tecnologia, que foi exigida pela Administração Municipal, não é por acaso. Todos os itinerários dos ônibus, agora, passam a ser planejados e controlados, em tempo real, pelo Centro de Inteligência Operacional – CIOP, uma estrutura única na América Latina, equipada para fazer a gestão da mobilidade de acordo com a demanda do trânsito e de passageiros. Em um modelo inédito no serviço de transporte público coletivo, o CIOP reúne funcionários do poder público e das duas empresas que operam o serviço.

Marcelo Belinati, prefeito de Londrina em seu segundo mandato, explica que a prioridade e desafio é, ao mesmo tempo, oferecer o melhor serviço à população e garantir maior mobilidade.

“Entregamos a maior frota de novos ônibus da história de Londrina. É mais conforto, qualidade e rapidez para quem usa o transporte coletivo. As pessoas precisam entender que quando se trata de gestão de tráfego, o ônibus sai na frente. Segundo dados da NTU (Associação das Empresas de Ônibus), cada ônibus substitui pelo menos 40 carros nas ruas, ao mesmo tempo em que transporta cerca de 70 pessoas, ocupando um espaço 21 vezes menor nas vias”.

A Companhia Municipal de Trânsito e Urbanismo (CMTU) é o órgão público responsável pelo gerenciamento do sistema de transporte coletivo, que inclui desde o planejamento das linhas até a fiscalização do serviço, além de administração dos terminais.

De acordo com Wilson de Jesus, diretor de transportes da CMTU, todas as melhorias visam elevar a qualidade do serviço: “Estamos trazendo inovação e tecnologia para o transporte coletivo, demonstrando que este serviço, tão essencial para a população, está alcançando um novo patamar de qualidade, superando a fase mais difícil de sua história, que foi o período da pandemia COVID-19”, destacou.

A CMTU tem buscado associar e trabalhar a imagem do Sistema de Transporte Público Coletivo a qualidades, como movimento, agilidade e modernidade. Esse conceito é expresso na marca MOV, que está em todos os ônibus.

“O MOV é o Sistema de Transporte Coletivo de Londrina que visa, em primeiro lugar, a mobilidade da população. Nosso objetivo é que as pessoas se identifiquem com essa marca e com várias ações e programas que serão desdobradas a partir dela”, afirma o diretor-presidente da CMTU, Marcelo Cortez.

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