Com os avanços tecnológicos das últimas décadas e a conexão como parte da vida, no âmbito pessoal e profissional, é cada vez mais comum o uso de ferramentas de planejamento de viagens. No Brasil, segundo um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), existem 2,2 dispositivos digitais – computadores, notebooks, tablets e smartphones – para cada habitante. Ainda conforme os estudos, os smartphones sozinhos somam 249 milhões, um número 20% maior do que o total da população. Diante da demanda por soluções para facilitar a rotina na palma da mão, a disponibilidade de dados é um dos principais caminhos para contribuir com a rotina das pessoas, além de ser a solução para diversos problemas da mobilidade urbana.

Tecnologia de sigla curta, o GTFS pode ser a solução para a efetividade do transporte público no Brasil. O General Transit Feed System é um protocolo padronizado para o fornecimento de dados georreferenciados sobre o transporte coletivo criado pela Google em 2006, e é um dos mais utilizados do mundo. Conforme pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, milhares de órgãos e empresas operadoras do transporte coletivo de todo o planeta já empregam esse formato para fornecer dados abertos sobre rotas, pontos de ônibus, estações, terminais, tarifas e tabelas horárias do transporte coletivo. Se disponibilizados abertamente, os dados servem de insumo para que softwares e ferramentas diversas os transformem em serviço para os passageiros, acelerando soluções para o difícil desafio de tornar o transporte coletivo mais atraente e efetivo.

No Brasil, o uso do GTFS ainda não é prevalecente. Cidades como Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo já aderiram à ferramenta, em oposição a um grande número de municípios que ainda usam tabelas sem integração com qualquer sistema. No meio disso, estão boa parte das cidades brasileiras, que têm a intenção de melhorar a experiência dos passageiros, mas não contam com  esforços ou condições para garantir o aporte dos dados em GTFS e o comprometimento com a transparência para abertura dessas informações, às vezes, de posse apenas dos operadores de ônibus.

Conforme Marco Littig, diretor da Bus2, plataforma brasileira que que integra usuários e gestores do transporte público, além de atender ao interesse público, a abertura desses dados é fonte de conhecimento e combustível para a inovação. “Permite que vários desenvolvedores criem soluções de mobilidade em uma mesma cidade”, informa Marco, que ainda completa: “mais do que isso: porque os dados são padronizados, as soluções criadas são universais. Um app europeu pode vir a beneficiar passageiros do transporte coletivo na América do Sul ou na África, por exemplo”. “A adoção de protocolos padronizados como esses nos diferentes meios de transporte disponíveis nas cidades é um dos passos rumo à mobilidade urbana do futuro. É um recurso já disponível para melhorar a experiência de quem usa o transporte coletivo, contribuindo para o fortalecimento do sistema”, afirma Gustavo Balieiro, diretor da Bus2.

 

Avanços no Brasil

Desde a  promulgação da Política Nacional de Mobilidade Urbana (PMNU, Lei Federal Nº 12.587/2012), os municípios brasileiros têm avançado em iniciativas que viabilizam a  gestão mais eficiente do transporte coletivo urbano, implementando processos de licitação e concessão dos seus sistemas, criando mecanismos regulatórios e metas de qualidade nos contratos, por exemplo. Para dar celeridade a esse processo, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), em parceria com o Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento (ITDP Brasil), capacitou, em 2022, representantes de 60 cidades, entre elas 15 capitais, sobre o uso de dados abertos na gestão do transporte público. A iniciativa integrou o projeto AcessoCidades, que promove o desenvolvimento sustentável e o combate às desigualdades sociais, raciais e de gênero, e conta com o apoio da Confederación de Fondos de Cooperación y Solidaridad (Confocos)/Espanha e da Associazione Nazionale Comuni Italiani (ANCI)/Itália, com cofinanciamento da União Europeia.

Conforme a técnica especialista em mobilidade urbana do projeto AcessoCidades, Tainá Bittencourt, dados como os do GTFS, além da bilhetagem eletrônica e do GPS, trazem informações sobre a oferta do transporte público, “que são fundamentais para planejar um sistema que seja adequado às necessidades da população, monitorar a qualidade do serviço prestado e assegurar a transparência na utilização dos recursos públicos”.

 

Versão gratuita de GTFS para prefeituras de todo Brasil

A Bus2, plataforma que entrega soluções para mobilidade urbana no país, lançou, recentemente, sua versão gratuita do editor GTFS. Com a ferramenta, as prefeituras ou órgãos gestores de transporte público podem padronizar sua base de dados e exportar esta informação sem custo.

Com todos os dados no padrão GTFS, é possível agilizar estudos para licitações, melhorias dos sistemas de transporte urbano, e até mesmo facilitar a obtenção de linhas de crédito como as do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Sobre a Bus2

Facilitar a vida dos usuários de transporte público e, ao mesmo tempo, reunir dados para melhorar e agilizar as operações. Esse é o intuito da união da Mobilibus com a Aequante, que somaram esforços para ampliar a gama de serviços e expandir a presença nacional e internacional com a plataforma Bus2. Lançada neste ano, a Bus2 já conta com mais de 2,5 milhões de usuários ativos, 298 projetos em andamento somente no Brasil e 588 milhões de acessos ao aplicativo.

Entre os destaques dos serviços oferecidos pela Bus2, está a ferramenta JU.LI.A. (Juntas Livres do Assédio). O recurso pode ser implementado nos aplicativos desenvolvidos pela empresa e permite que, acionando um botão de emergência, a mulher faça uma denúncia (que pode ser anônima). A iniciativa foi lançada em parceria com a Secretaria de Trânsito e Transporte Público (STTP) de Campina Grande, na Paraíba, e recentemente implementada também em Rio Grande (RS).

 

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