A crescente incidência de disfunções respiratórias e de deglutição em populações neurológicas tem se tornado um desafio significativo na área da saúde. Já em 2010 o Censo apontou que existem mais de 20 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, que representam 10.8% do total da população. Diante dessa preocupação, uma revisão sistemática realizada por Marinda Brooks e colaboradores, da Austrália, investigou a eficácia do Treinamento Muscular Expiratório (TME) como uma potencial intervenção para mitigar esses problemas.

No estudo “O treinamento de força muscular expiratória melhora os resultados respiratórios e deglutição em pessoas com disfagia: uma revisão sistemática” explora fontes confiáveis de literatura científica, onde foram identificados 2898 estudos, dentre os quais 7 foram criteriosamente selecionados para discussão nesta revisão. A literatura existente já aponta a importância dos músculos expiratórios na comunicação e deglutição, destacando sua relevância tanto para a tosse, que auxilia na limpeza dos pulmões, quanto para a fala, contribuindo para a produção vocal e comunicação efetiva.

No entanto, muitas doenças neurológicas, como Parkinson, AVC e esclerose, podem causar fraqueza muscular expiratória, o que impacta diretamente na qualidade de vida dos indivíduos, afetando sua capacidade de comunicação e deglutição. Diante desse cenário, a busca por intervenções terapêuticas eficazes e inovadoras se torna fundamental para fonoaudiólogos e profissionais da área.

Neste contexto, o TME surge como uma opção de tratamento, baseado no princípio da sobrecarga progressiva e com resultados apontados em estudos clínicos anteriores. Através desta revisão, destaca-se os resultados obtidos, fornecendo evidências que sustentem o uso do treinamento de força muscular expiratório como uma intervenção para melhorar os resultados respiratórios e de deglutição em pacientes com disfagia relacionada a condições neurológicas adquiridas.

Com base nessa análise, espera-se fornecer subsídios para a prática clínica, embasando a recomendação de programas de treinamento de, pelo menos, 6 semanas de duração, empregando sobrecarga progressiva, como uma abordagem terapêutica efetiva para potencializar a comunicação motora adquirida e melhorar as deficiências de deglutição.

Desenvolvimento de tecnologias para pacientes

Acompanhando esse cenário, há disponíveis no mercado equipamentos que visam avaliar o exercício da musculatura respiratória. Segundo Renata Oliveira, Fisioterapeuta da Hab Latin America, empresa importadora e exportadora de equipamentos, a utilização de soluções específicas para a expiração, podem ser aliadas durante o tratamento da disfagia, por exemplo. 

No campo da fonoaudilogia, a Carolina Silverio, Doutora em Ciência e Especialista em Disfagia é uma profissional atuante na área e referência em Disfagia. Com ênfase na reabilitação de pacientes disfágicos, a Drª Carolina utiliza equipamentos para avaliação e acionamento da treinamento da musculatura respiratória, tanto em atendimentos domiciliares quanto hospitalares. A abordagem adotada visa auxiliar pacientes que lidam com os desafios da doença. De acordo com Carolina, “O treinamento muscular expiratório pode ser utilizado pelo fonoaudiólogo na reabilitação da voz e da deglutição. Especificamente em disfagia, esse treino pode promover o ganho de força da musculatura suprahioidea e faringea, favorecendo uma deglutição mais forte e eficiente. Esse ganho de força tende a favorecer a proteção da via aérea durante a deglutição, reduzindo episódio de engasgos e de possível aspiração traqueal em pacientes com disfagia, o que traz maior qualidade de vida e, principalmente, segurança clínica pulmonar com estes pacientes “.

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