Pela primeira vez na história das Paralimpíadas, o Brasil não ficará com o ouro do futebol de cegos. Pentacampeã, a seleção verde e amarela perdeu para a Argentina nesta quinta-feira (5). O revés veio nos pênaltis, por 4 a 3, depois de um empate sem gols no tempo regulamentar. Com o resultado, os argentinos avançaram à decisão contra a França. Os brasileiros, por sua vez, terão que brigar com a Colômbia pelo bronze. A disputa por um lugar no pódio acontecerá no próximo sábado (7), às 7h30 (de Brasília).
”Temos que lidar (com a derrota) da melhor forma. Nos acostumamos a ganhar, mas uma hora o Brasil ia perder. Não queríamos que fosse agora ou dessa maneira. Um time vitorioso precisa administrar bem a situação na hora da adversidade. Não vamos fazer terra arrasada. Lutamos e representamos o nosso país muito bem”, avaliou Ricardinho, logo após a partida.
A semifinal desta quinta teve um primeiro tempo equilibrado e sem grandes oportunidades de gols para Brasil ou Argentina. Os brasileiros até chutaram mais vezes (7 a 3), mas não levaram perigo ao goleiro Muleck. Como um bom clássico, o jogo também contou com um número elevado de faltas – sem que as equipes estourassem o limite, porém.
Na volta do intervalo, a Argentina tentou se impor fisicamente e pressionar o Brasil. Aos poucos, no entanto, os brasileiros passaram a controlar a posse de bola e a ocupar o campo de ataque. Em cobrança de falta, Ricardinho exigiu uma linda defesa de Muleck. Foi a chance de maior perigo da partida, que terminou com placar zerado. A vaga na final, então, precisou ser decidida nos pênaltis.
Nas penalidades, os goleiros apareceram bem, aumentando ainda mais a emoção da disputa. Luan defendeu a cobrança de Ríos, e Padilla acertou a trave, mas Muleck pegou as batidas de Cássio e Jonatan. Ricardinho carimbou o poste na última tentativa, e assim, a Argentina venceu por 4 a 3, garantindo a vaga na grande decisão em Paris.
O equilíbrio e a tensão vividos na semifinal não foram por acaso. Brasil e Argentina têm um histórico de grandes confrontos no futebol de cegos. As seleções sul-americanas são as duas maiores medalhistas da história das Paralimpíadas. Os brasileiros têm cinco ouros, dois deles conquistados sobre os rivais desta quinta (Atenas 2004 e Tóquio 2020). Os argentinos, por sua vez, somam duas pratas e dois bronzes nos Jogos.
Pentacampeão paralímpico, o Brasil ainda tem cinco títulos mundiais, contra três da Argentina – que, inclusive, é a atual campeã, tendo levantado o troféu no ano passado. Em Jogos Parapan-Americanos, os brasileiros também são dominantes, sem perder nenhuma edição. Foram, contudo, derrotados pelos argentinos na fase de grupos da edição de Santiago, em 2023 – esse, inclusive, foi o último revés sofrido pelos brasileiros no tempo regulamentar.
pesar da queda na semifinal, o Brasil mantém uma invencibilidade nas Paralimpíadas. Em 31 jogos desde a edição de Atenas, quando o futebol de cegos passou a integrar o programa, a seleção verde e amarela nunca perdeu no tempo normal. Até agora, são 23 vitórias e oito empates, com 60 gols marcados e só seis sofridos – o último ainda na Rio 2016.
Do grupo de 10 jogadores (oito atletas de linha e dois goleiros) convocados pelo técnico Fábio Vasconcelos para Paris 2024, os dois atletas mais experientes são Ricardinho e Jeffinho, tetracampeões paralímpicos. Os goleiros Luan e Matheus, além dos jogadores Tiago Paraná, Cássio, Jardiel e Nonato, também já participaram dos Jogos. E os jovens Jonatan Felipe e Maicon Júnior fazem suas estreias em Paralimpíadas.
Atenas 2004
Pequim 2008
Londres 2012
Tóquio 2020
Paris 2024
Brasil 0 (3) x (4) 0 Argentina (semifinal)
Fonte: Globo Esporte
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