Um túmulo no Cemitério Iguaçu Velho, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi violado, e os vândalos levaram a cabeça do corpo de uma mulher vítima de assassinato, que estava enterrado havia oito meses. A Polícia Civil investiga o caso.
O episódio foi em março deste ano, na sepultura da pensionista Sabrina Tavares de Almeida, morta a tiros em agosto do ano passado. Ela tinha 31 anos.
No lugar da cabeça, os vândalos colocaram uma tigela de barro — utilizada em trabalhos religiosos — com garrafas de bebidas e papéis.
No dia 17 de março, Adilson Miguel da Silva, administrador do cemitério, procurou a delegacia para relatar que encontrou o túmulo de Sabrina violado.
Aos policiais, ele contou que havia um buraco na parte onde ficava a cabeça. O administrador disse que chamou outros colegas, que abriram a sepultura e acharam “um alguidar de barro utilizado para ritual com objetos dentro no local onde ficava a cabeça.”
Adilson disse à polícia que não viu ninguém estranho no cemitério entre a madrugada do dia 16 para o dia 17 de março, data em que o crime teria acontecido.
Tampa de concreto quebrada, diz perito
No mesmo dia, um perito do Posto de Polícia Técnico-Científica de Nova Iguaçu foi até o cemitério.
No documento assinado por Fábio Barbosa Teixeira, ele destaca que o Cemitério Iguaçu Velho, também conhecido como Cemitério dos Escravos, fica situado em uma rua de terra, margeado por vegetações e terrenos.
O profissional disse que o túmulo onde está o corpo de Sabrina não tem muro ou cerca.
“Foi constatado que a tampa de concreto estava quebrada por ação contundente”. Ainda segundo o profissional, “a tampa do caixão de madeira dentro da sepultura foi quebrada e o cadáver teve a cabeça subtraída.
Fábio ainda descreveu o que encontrou: “no lugar da cabeça do cadáver havia uma tigela de barro, contendo material queimado em seu interior.”
Em sua conclusão, o perito diz que “no local ocorreu uma violação de sepultura, para realização de ritual religioso, tendo sido suprimida a cabeça do cadáver que se encontrava sepultado no local”.
O funcionário público Jorge Luiz Gomes de Almeida, de 52 anos, pai de Sabrina, contou que só soube do vandalismo quase um mês após o crime.
Ele esteve no local no dia 11 de abril para limpar e depositar flores no túmulo da filha. Foi quando um coveiro pediu que ele fosse até a administração conversar com o responsável.
”Lá, eles disseram que o túmulo tinha sido mexido e que eu tinha que esperar um laudo [da Polícia Civil] ficar pronto para saber o que aconteceu. Quarenta dias depois, o documento ficou pronto e foi constatado que eles roubaram a cabeça da minha filha e fizeram um ritual religioso”, conta Jorge
Jorge diz que até agora a Polícia Civil não deu uma resposta para a família.
“Eu quero que eles [a polícia] me dêem uma resposta. Que tomem providência em relação a isso. Você sepulta uma pessoa e fazem isso? A minha filha estava morta havia oito meses e fizeram isso. É uma coisa horrível.”
”Ela foi assassinada e não teve paz nem no cemitério”, fala o pai de Sabrina.
O delegado José Mário Salomão de Omena, titular da 58ª DP (Posse), onde o caso é investigado, acredita que o local foi usado para um ritual religioso.
“Os indícios apontam que não é um recado para a família, e sim um ritual religioso em razão do tempo [do assassinato de Sabrina]. E quem faz esse tipo de crime acredita que não será descoberto”, disse Omena.
O registro de ocorrência foi feito com base no artigo 210 do Código Penal, que é violação de sepultura. A pena varia de 1 a 3 anos de prisão.
Sabrina foi assassinada enquanto dormia numa casa junto com a mãe, a dona de casa Fátima de Azevedo Tavares. As duas foram alvejadas por um homem encapuzado, em agosto de 2022. Fátima fingiu que estava morta e conseguiu sobreviver.
O criminoso usava luvas. Ele entrou na casa em silêncio e não roubou nada.
Segundo investigações da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), o suspeito de assassinar a tiros Sabrina é Mateus da Silva Osório Ferreira, ex-cunhado dela.
De acordo com a Polícia Civil, a motivação do crime foi o interesse em um imóvel deixado pelo ex-marido da vítima e irmão do suspeito, assassinado em 2016, na porta de casa.
Fonte: G1
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