Longas Filas de Espera por Cirurgias Eletivas em João Pessoa

A saúde pública no Brasil tem sido um tema recorrente nas discussões políticas e sociais do país.

Problemas de infraestrutura, falta de recursos e gestão ineficaz frequentemente afetam a qualidade dos serviços de saúde oferecidos à população.

Em João Pessoa, capital da Paraíba, o Hospital de Ortotrauma de Mangabeira, conhecido como “Trauminha,” enfrenta sérios desafios que merecem a atenção das autoridades e da sociedade como um todo.

O Ministério Público Federal (MPF) está conduzindo uma investigação desde 2020 sobre as condições de atendimento na rede de urgência e emergência de João Pessoa, e o Hospital de Ortotrauma de Mangabeira está no centro dessa apuração.

Em 2020, o hospital foi interditado pelo Conselho Regional de Medicina da Paraíba devido a diversas irregularidades que comprometiam o atendimento dos pacientes.

Problemas como escala médica incompleta, falta de medicamentos, material cirúrgico insuficiente, falta de higiene e estrutura física precária foram identificados naquela época.

Embora algumas melhorias tenham sido feitas ao longo dos últimos anos, a situação das cirurgias eletivas no Trauminha ainda é preocupante.

De acordo com dados recentes obtidos pelo MPF, cerca de 400 pessoas estão na fila de espera, sem uma data prevista para a realização do procedimento.

Além disso, há registros de 100 pessoas que desistiram do procedimento, já passaram pela cirurgia ou faleceram antes de serem operadas.

A investigação do MPF também revelou que o hospital não conseguiu localizar cerca de 600 pacientes que constavam na lista de espera.

A situação torna-se ainda mais alarmante quando se ouve relatos de pacientes que estão esperando por cirurgias eletivas por mais de seis anos, sem indicação de uma data provável para realização.

Em alguns casos, pacientes foram comunicados da suspensão dos procedimentos sem receber orientações adequadas sobre como entrar na fila de espera.

Diante da dificuldade do hospital em contatar pacientes da fila, o MPF está buscando reunir mais casos para avaliar possíveis providências na esfera administrativa ou judicial.

Em maio de 2023, houve uma reunião entre o MPF, a direção do Complexo Hospitalar de Mangabeira, representantes da Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa e da Procuradoria-Geral do Município para discutir medidas visando resolver a situação.

Nesse encontro, o hospital se comprometeu a aumentar sua capacidade de cirurgias eletivas, atualizar exames e dar ampla publicidade à lista de espera, entre outras ações.

No entanto, as salas cirúrgicas prometidas ainda não foram inauguradas devido à utilização para pacientes graves, mas o hospital assegurou que as reformas necessárias começarão em breve.

O procurador da República responsável pelo caso, José Guilherme Ferraz da Costa, enfatiza que até o momento a direção do hospital não tomou medidas efetivas para localizar pacientes na fila de espera.

Isso demonstra a necessidade urgente de abordar as deficiências na gestão e atendimento do Hospital de Ortotrauma de Mangabeira.

A longa espera por cirurgias eletivas é um problema que afeta diretamente a qualidade de vida dos pacientes e expõe a ineficácia do sistema de saúde pública.

É fundamental que as autoridades competentes atuem de maneira decisiva para resolver esse problema e garantir que a população de João Pessoa tenha acesso a serviços de saúde de qualidade e com prazos razoáveis.

A investigação do MPF é um passo importante, mas é necessário um esforço conjunto das instituições e da sociedade para superar esses desafios na saúde pública da cidade.

 

Fonte: https://www.mpf.mp.br/pb/