Akira Toriyama, criador da franquia “Dragon Ball”, morreu aos 68 anos em 1º de março. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (8). Um comunicado no site de Dragon Ball afirmou que a morte foi provocada por um hematoma subdural, que é quando ocorre um acúmulo de sangue entre o cérebro e o crânio.
Há dois tipos de hematomas subdural: crônico e agudo. O crônico é o mais comum e acontece, normalmente, quando alguém bate a cabeça “de forma banal”.
“O sangramento pode acontecer quando alguém sai de um carro e bate a cabeça. Já operei um paciente que estava em um navio, que balançou e ele bateu a cabeça de forma fraca. A causa mais comum é a queda da própria altura, quando alguém está andando, escorrega e cai no chão, por exemplo”, explicou o neurocirurgião do Hospital Santa Lúcia Ivan Coelho Ferreira em entrevista, em fevereiro do ano passado, quando comentava o quadro que levou o ex-ministro José Dirceu a fazer uma cirurgia.
No caso de Akira Toriyama, não há informações sobre se ele sofreu algum tipo de acidente ou pancada que causou o hematoma.
Segundo o especialista, esse hematoma pode acontecer até 2 meses após o trauma e o paciente, muitas vezes, não lembra o que pode ter provocado isso.
“A pessoa cai em casa, pode até fazer uma tomografia que não identifica nada. Porém, dias depois, ocorre um sangramento venoso que pode ir aumentando progressivamente e o corpo pode não ter a capacidade de absorver esse hematoma”, afirma.
O neurocirurgião Victor Hugo Espíndola explica que, nos primeiros dias após o trauma, o paciente não apresenta sintomas. “Eles aparecem até 40 dias após o trauma. São dor de cabeça que não passa com medicação, sonolência, confusão, perda de movimento de um lado do corpo, até alteração na fala se não for tratado”, explica o médico.
De acordo com Ivan Coelho Ferreira, os sintomas aparecem porque o cérebro passa a ser “empurrado” pelo hematoma.
”Quando se bate a cabeça, é normal sentir uma dorzinha. Mas se ela está aumentando progressivamente ao longo dos dias, isso chama a atenção. As outras queixas mais frequentes dos pacientes são desorientação e dificuldade para mexer um lado do corpo, como fraqueza no braço e na perna”, diz.
Porém, caso o paciente demore a procurar tratamento, o hematoma subdural pode levar ao coma. “O hematoma em si não é tão grave, se for tratado rápido”, afirma Ferreira.
Hematoma subdural agudo
No caso do hematoma subdural agudo, o neurocirurgião explica que os sintomas são sentidos no momento do trauma. “O principal é a dor de cabeça, que vai aumentando progressivamente até o paciente ter piora do nível de consciência. Ele começa a ter sinais que pode entrar em coma, como desorientação, sonolência e perda dos movimentos de um lado do corpo”, afirma.
Ferreira diz que o hematoma subdural agudo e o crônico podem ter a mesma causa, no entanto, os casos agudos, em geral, acontecem por traumas mais intensos, como queda de motocicleta e de altura. “Queda de telhado é uma causa muito comum”, afirma.
O especialista diz que os traumas agudos são pequenos e, na maior parte das vezes, não precisam de cirurgia. “Normalmente ele é absorvido pelo próprio cérebro. Porém, quando é grande, pode ser necessária uma cirurgia”, explica.
No caso do hematoma subdural crônico, o médico explica que uma cirurgia simples pode ser feita na maioria dos casos. De acordo com Victor Hugo Espíndola, o paciente precisa passar por cirurgia.
””Se faz um buraquinho no cérebro e coloca um dreno para tirar o sangue. De uns anos para cá, também se faz um cateterismo, fechando a artéria que está sangrando, mas só em casos selecionados”, afirma Espíndola.
Quando o diagnóstico é de hematoma subdural agudo e há necessidade de cirurgia, os profissionais adotam a craniotomia. O procedimento consiste em abrir o osso da cabeça e aspirar o hematoma.
A recuperação dos casos crônicos exigem uma internação hospitalar de 2 a 3 dias. Nos casos agudos, se for operado rápido, em uma semana o paciente está em casa.
Fonte: G1
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