O Brasil atingiu o maior número de idosos da história. De acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2022, o país superou 32 milhões de pessoas na terceira idade, o que indica mais de 10% da população total do país.
Enquanto isso, dados do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, mostram que o número total de denúncias de violência contra idosos, notificadas durante o período de 2020 até 2023, é de mais de 408 mil, representando um aumento de quase 13% neste período.
Os registros provam que há uma necessidade urgente de um olhar voltado para além dos números ou de “quantos anos as pessoas vivem”. É preciso atentar para “o quão saudáveis e seguras elas estão”.
Saúde do idoso
De acordo com o psiquiatra Napoleão Bezerra, na terceira idade, com o desgaste físico natural em virtude do tempo, alguns sintomas físicos podem trazer incômodos como perda ou o aumento de peso, a diminuição da visão, problemas de mobilidade física, entre outros.
Em decorrência desse processo natural, a maioria das pessoas tem dificuldade em vivenciar essas mudanças, o que leva a impactos na saúde mental e emocional.
Segundo o médico, “há portanto, a necessidade de debater sobre a saúde mental dos idosos, especialmente durante a Campanha Junho Roxo, mês dedicado à conscientização sobre a violência contra a pessoa idosa”.
O psiquiatra reforça a importância de compreender e apoiar as necessidades emocionais desta faixa etária.
“É fundamental reconhecer que o envelhecimento traz consigo transformações significativas no funcionamento da mente e das emoções. Os idosos frequentemente lidam com desafios emocionais que requerem atenção especial e compreensão. Empatia, sensibilidade são pontos chave na lida com a terceira idade”, pondera.
À medida em que a idade avança, é comum que ocorram mudanças neurobiológicas que afetam o bem-estar mental. Napoleão explica que “alterações no cérebro, como diminuição da produção de neurotransmissores e alterações na estrutura cerebral, podem influenciar diretamente o humor, a cognição e a capacidade de lidar com o estresse. Essas mudanças, combinadas com experiências de vida acumuladas, moldam uma perspectiva única sobre saúde mental na terceira idade”, pontua.
Transtornos emocionais mais comuns
“Os quadros psiquiátricos mais frequentes nos idosos incluem estados depressivos, demência, transtornos ansiosos e mesmo quadros psicóticos, sendo, entretanto, a depressão o mais importante problema de saúde mental nessa faixa etária”, afirma.
Combate à violência
A campanha Junho Roxo destaca não apenas a prevenção da violência contra idosos, mas também o respeito às suas limitações emocionais. “É essencial reconhecer que os idosos merecem ser tratados com dignidade e respeito. Isso inclui uma abordagem sensível às suas necessidades emocionais. Atitudes simples, como ouvir atentamente e mostrar empatia, podem fazer uma diferença significativa na vida emocional dos idosos”, ressalta Napoleão.
Dr Napoleão Bezerra é médico especialista em psiquiatria, pós-graduado em psicogeriatria, medicina do trabalho e Psiquiatria infantil.
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