O Brasil terá 454.819 candidatos para os cargos de prefeitos e vereadores nas eleições municipais de 2024, conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Houve uma queda de 18% em relação às 557.129 mil candidaturas do pleito de 2020. O volume de nomes, contudo, impõe uma série de desafios para os partidos e os postulantes aos cargos dos poderes Executivo e Legislativo nas 5.565 cidades do país. Em tempos de polarização ideológica, o principal desafio das legendas é medir a temperatura da relação entre os eleitores e os candidatos.

A digitalização das candidaturas, para além das redes sociais, pode ajudar nesta tarefa. O financiamento coletivo pode ser o aliado vital para os partidos observarem como os eleitores se associam a políticos por identificação de causas, ideologias ou mesmo agenda de prioridades para os municípios.

Esta será a quarta eleição em que é permitida a modalidade de financiamento coletivo, mais conhecido como ‘vaquinhas virtuais’ (ou crowdfunding, em inglês). A arrecadação só será permitida por meio de plataformas digitais, com limite de R$ 1.064 por doação e até 10% do rendimento bruto recebido em 2023 pelo microdoador individual pessoa física.

João Reis, CEO da Azul Pagamentos, uma das principais plataformas de microdoações homologadas pelo TSE, explica que as plataformas precisam realizar um rigoroso registro no TSE para serem habilitadas. Apenas 11 plataformas tiveram o registro autorizado até o momento. Uma está com o cadastro em análise e 11 apresentaram informações incompletas, o que inviabiliza a liberação pelo TSE.

De acordo com o executivo, a arrecadação digital exerce papel mais importante do que ser um meio de apoio financeiro para atrair eleitores. Elas têm sido usadas como parte da disputa ideológica. “Na última eleição presidencial, tanto a campanha do presidente Lula quanto a do então presidente Jair Bolsonaro travaram uma guerra ideológica até de quem recebia mais doação de pessoa física”, recorda. 

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Mas Reis observa que as plataformas são aliadas dos eleitores para superar a disputa de narrativa ideológica. Ele traça um paralelo com a doação individual de empresários para ressaltar que o eleitor tem na microdoação um canal para exigir mais dos vendedores das eleições nas suas cidades.

“A doação por um empresário esconde um interesse corporativo. Já a do microdoador ocorre por ele ou ela se engajar em uma causa. Trata-se de uma doação mais humana. O financiamento individual dá mais poder ao povo, que passa a ter um registro documentado de que o eleitor é parte do mandato do político. Existe um vínculo que estimula mais cobrança sobre o mandato”, pondera o CEO da Azul Pagamentos.

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