Vendas de cotas somam 2,1 mi e consorciados chegam a 10,7 mi
O sistema de consórcios encerrou o primeiro semestre deste ano cravando 2,10 milhões de cotas vendidas, recorde histórico nas mais de seis décadas da modalidade para seis meses, contra 1,99 milhão atingidos no mesmo período do ano passado. Em doze meses, houve crescimento de 5,5%.
Na comparação de junho último com o mesmo mês do ano passado, o mecanismo anotou avanço de 10,7% em participantes ativos. Foram 10,70 milhões sobre os 9,67 milhões de um ano antes, informou a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC).
Ao longo do primeiro semestre, os negócios realizados, a partir das vendas de cotas, alcançaram R$ 170,43 bilhões, 18,4% maior que os R$ 144,00 bilhões do mesmo semestre de 2023.
Com a entrada de mais participantes, contratando créditos maiores, o tíquete médio do Sistema de Consórcios em junho chegou a R$ 81,18 mil, 4,3% acima dos R$ 77,85 mil obtidos naquele mês em 2023.
Entre outros fatores, o progresso nominal de 55,1% do tíquete médio pode ser creditado ao crescente conhecimento do brasileiro sobre educação financeira, agregado à gestão das suas finanças pessoais. Porém, o principal input continua sendo a renda. Em abril, o valor médio real foi de R$ 3.222,00, 6,8% superior ao valor atingido naquele mesmo mês no ano passado, R$ 3.017,00, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua.
No semestre, o acumulado de consorciados contemplados somou 865,22 mil, 7,5% superior às 804,49 mil, contabilizado nos mesmos seis meses do ano passado, o que propiciou aumento de liberações de créditos para potenciais aquisições.
A concessão de créditos relativos aos consorciados contemplados, ocasião em que os objetivos podem ser concretizados, somou R$ 49,48 bilhões, potencialmente injetados nos segmentos da economia onde o mecanismo está presente, 23,8% maiores que os anteriores R$ 39,98 bilhões.
“Durante o primeiro semestre, o sistema de consórcios apresentou ligeiras oscilações nos meses iniciais, motivadas pelas férias escolares, carnaval, fins de semana prolongados e menos dias úteis trabalhados. Na retomada, nos meses subsequentes, o ritmo repetiu o desempenho dos anos anteriores. A performance reagiu de forma gradativa e consolidada”, avaliou Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC.
Ao anotar dois recordes históricos: vendas de cotas e volume de participantes ativos, a modalidade reafirmou sua importância no planejamento dos consumidores que desejam ampliar patrimônio ou dar um upgrade na qualidade de vida. “Ao optar pelo consórcio como investimento econômico, o brasileiro tem evitado arcar com o ônus dos juros, comuns às outras modalidades de aquisição parcelada. Procurou manter seu orçamento equilibrado e gerir suas finanças para concretizar objetivos pessoais, familiares e profissionais, com custos finais menores”, completa. “O comportamento do consorciado, apoiado basicamente na essência da educação financeira, vem evidenciando que as decisões pela não realização de compras com imediatismos, sempre com pés no chão, ratificam maior responsabilidade no respeito aos compromissos financeiros assumidos”, particulariza Rossi.
A presença dos consórcios nos elos da cadeia produtiva
O porte dos consórcios na economia brasileira pode ser comprovado pelos totais de créditos concedidos e potencialmente inseridos, como nos mercados de veículos automotores e imobiliário. Nas liberações acumuladas de janeiro a junho, o sistema de consórcios atingiu 31,7% de potencial frequência no setor de automóveis, utilitários e camionetas. No de motocicletas, houve 40,3% de provável participação, e no de veículos pesados, a relação somente para caminhões foi de 33,2%, no período.
No segmento imobiliário, somente nos cinco primeiros meses deste ano, as contemplações representaram potenciais 19,1% de participação no total de 243,84 mil imóveis financiados, incluindo os consórcios. Aproximadamente ocorreu um imóvel por consórcio a cada cinco comercializados.
No primeiro semestre do ano a economia brasileira seguiu buscando se ajustar em diversas áreas, visando expandir o cenário de desenvolvimento. Medidas vem sendo tomadas para tentar controlar a dívida pública, inclusive a grande pressão para redução da taxa básica de juros, na expectativa de aceleração de crescimento de diversos segmentos.
“Com os bons resultados contabilizados nos primeiros seis meses, o sistema de consórcios, face às suas características e peculiaridades exclusivas, deverá continuar tendo desempenho crescente nos diversos setores onde está presente, sempre apoiado no comportamento consciente e planejador exercido pelos consumidores”, conclui Rossi.
ICSC sinaliza boas perspectivas para os próximos meses
Divulgado há dois meses pela ABAC, o Índice de Confiança do Setor de Consórcios – ICSC visa referenciar o consumidor sobre a confiança das associadas da ABAC para o futuro da modalidade como realizador de objetivos e contribuição para a economia brasileira.
Além dos tradicionais indicadores estatísticos, publicados mensalmente, a associação está informando o segundo resultado do ICSC, apontando as expectativas setoriais para curto prazo.
“Ao variar de 0 a 100 pontos, o ICSC, estando acima de 50 pontos indicará a confiança dos empresários. Em contrapartida, abaixo de 50 pontos demonstrará a falta de confiança”, detalha Luiz Antonio Barbagallo, economista da ABAC.
Em sua primeira edição, há dois meses, o ICSC somou 64,0 pontos, reafirmando e mostrando confiança daquelas empresas que responderam o questionário.
Em julho, o resultado das avaliações foi de 68,2 pontos, 4,2 a mais que o anterior, mostrando boas perspectivas para os próximos meses do ano, segundo a assessoria econômica da ABAC. Para Barbagallo, “o índice refletiu um cenário positivo. Enquanto foi observada estabilidade nas avaliações sobre o cenário econômico, com viés de crescimento, para o Sistema de Consórcios houve sinalização de boas expectativas, mesmo com as administradoras demonstrando cautela em suas projeções”.