Manifesto público defende inserção da pauta ASG na graduação

O Conselho Regional de Administração de São Paulo (CRA-SP), em parceria com a Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração (ANGRAD), o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e o Instituto Ethos, lançou oficialmente, no final de novembro, o manifesto público “O futuro se constrói hoje”.

O documento tem o objetivo de fomentar a inclusão da pauta ASG (que versa sobre as questões ambientais, sociais e de governança) e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), nas matrizes curriculares dos cursos de administração e gestão oferecidos por instituições de educação superior.

Apresentado pela primeira vez em evento direcionado a professores e coordenadores de curso no final de novembro, o texto afirma que a adaptação da formação acadêmica às novas demandas do mercado e da sociedade “não é apenas uma tendência, mas sim uma condição indispensável para garantir um futuro mais justo e sustentável para todos”.

O manifesto também defende que “ao incorporar os temas ASG e ODS, as instituições promovem uma visão integrada dos aspectos econômicos, sociais e ambientais, capacitando e garantindo que as próximas gerações compreendam a interconexão entre essas esferas”, tornando possível, então, um futuro mais sustentável.

Segundo o Adm. Taiguara Langrafe, diretor de Relações Institucionais do CRA-SP, a iniciativa faz uma proposição de valor extremamente relevante para a formação dos profissionais de administração. “Criticar, pensar e incorporar esses aspectos [da pauta ASG e dos ODS] na formação é algo que impacta positivamente a todos, garantindo melhor empregabilidade e melhores soluções para a sociedade em geral”, defendeu.

Ao comentar sobre o porquê do manifesto referir-se à agenda como ASG (e não ESG, como é mais conhecida), Felipe Saboya, diretor-adjunto do Instituto Ethos, abordou as particularidades brasileiras. “Obviamente essas são questões globais, porém a forma como elas se manifestam no Brasil e os desafios que as empresas e os gestores públicos daqui têm frente a esses assuntos são diferentes. Por isso, é necessário fazer uma adaptação e análise a partir do contexto que temos no país”. Como exemplo, Saboya ainda mencionou a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30), que será realizada no próximo ano em Belém, no Pará, e que deve impactar diretamente os profissionais e as empresas brasileiras.

Componente curricular 

No lançamento do manifesto, os representantes das entidades signatárias também falaram sobre o projeto, derivado do documento, que visa a criação de um componente curricular sobre a pauta ASG e os ODS, a ser desenvolvido para o formato de ensino à distância (EaD), que poderá ser incorporado gratuitamente por toda instituição de educação superior que ofereça cursos de administração e gestão.

Para Edson Sadao, presidente da ANGRAD, é importante lembrar que, com as novas Diretrizes Curriculares Nacionais – DCNs para os cursos de graduação em administração, as demandas relacionadas às questões tecnológicas, sociais e ambientais se tornaram eminentes. “Todos nós sabemos que nem sempre as equipes docentes e das escolas têm o conhecimento, a expertise e os conteúdos para trabalhar esses temas em altíssimo nível junto ao seu corpo discente. E, se nós queremos um país com boas lideranças, é nas faculdades e universidades que temos que prover isso, não apenas com a consciência, mas também com a competência para buscar soluções inovadoras e criativas que construam uma sociedade melhor”, disse. 

Por sua vez, Lucas Legnare, diretor de expansão e parcerias do IBGC, falou sobre a responsabilidade de produzir um conteúdo que aborde temas indispensáveis para o contexto atual. “É uma curadoria extremamente cuidadosa, que realmente consiga agregar valor para professores e coordenadores de curso de administração, de forma que possa ser utilizado de maneira proveitosa na matriz curricular”.

De acordo com as entidades, o projeto para construção do componente terá continuidade já em janeiro de 2025, a partir das respostas e opiniões deixadas, pelos professores e coordenadores de curso presentes no evento, em um formulário disponibilizado na ocasião, que visa medir o interesse das instituições sobre o tema, bem como outras informações necessárias para o desenvolvimento do conteúdo.

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