Dentre os alimentos mais consumidos do mundo, estão os óleos vegetais que fornecem ácidos graxos imprescindíveis para a absorção das vitaminas. Por sua vez, o óleo vegetal mais consumido no mundo é o óleo de palma, conhecido popularmente como dendê, e presente em diversas indústrias, dentre elas alimentícia, cosméticos, farmacêutica, biocombustíveis, entre outras.
Atualmente, 88% da produção de óleo de palma está concentrada no Sudeste Asiático, em países como Indonésia, Malásia e Tailândia, de acordo com o United States Department of Agriculture (USDA). Foi no ano de 1.870 que a planta foi cultivada pela primeira vez na Malásia para fins ornamentais e teve sua primeira produção comercial por volta de 1.911 na Indonésia e em 1.917 na Malásia. As árvores de palma de óleo rendem mais óleo por hectare do que qualquer outra cultura oleaginosa, mas a crescente procura pelo óleo de palma nas últimas décadas acelerou o desmatamento de florestas nativas na Ásia, ponto crítico em comum no cultivo realizado pelos três líderes globais, de acordo com os especialistas do setor.
Nos últimos anos, o contexto global da produção do óleo de palma vem apontando sinais de escassez. Somente em outubro deste ano, segundo os dados mensais da indústria de palma da Malásia, os estoques de óleo de palma caíram 6,32% em relação ao mês de setembro, totalizando 1,884 milhão de toneladas. JÁ produção também apresentou retração de 1,35%, encerrando o mês com 1,797 milhão de toneladas. Por outro lado, as exportações da commodity subiram expressivos 11% e as importações de óleo de palma aumentaram 198%, informou o Conselho Malaio de Óleo de Palma (MPOB), no último dia 11 de novembro.
Recentes estudos apontam ainda que as palmeiras da Malásia e Indonésia, estão envelhecendo. Boa parte da área cultivada já está em idade avançada, perdendo eficiência na produção de frutos e por sua vez na extração do óleo, visto que a planta tem capacidade produtiva até o seu 30º ano de vida. Outros fatores analisados pela queda de produção do óleo de palma nestes países se devem à escassez de mão de obra rural, baixa aplicação de fertilizantes, impactos climáticos e a lenta expansão de novos plantios nos dois principais países do sudeste asiático.
Situações específicas destes países também impactam no médio prazo: a Indonésia se prepara para aumentar a mistura do Biodiesel de 35% para 40%, necessitando consumir adicionalmente cerca de 3 milhões de toneladas de óleo de palma no mercado interno e diminuindo sua oferta de exportação. O B40 aumentará o uso de óleo de palma da Indonésia para biodiesel para 13,9 milhões de toneladas métricas, em comparação com os 11 milhões de toneladas estimados este ano, com o B35, segundo estimativa da Associação de Produtores de Biocombustíveis da Indonésia (APROBI). A Tailândia, por sua vez, para atender o consumo interno devido sua baixa produção, baniu a exportação de óleo de palma até o final deste ano.
E neste contexto global em que a demanda do óleo de palma carece de maior produção, o Brasil pode ser referência e contribuir na transformação sustentável deste setor. No país, o cultivo sustentável da palma é um exemplo que alia a recuperação do bioma e do solo degradado da floresta Amazônica, acelera a captura de carbono e fomenta a geração de emprego e renda para comunidades isoladas. Seu cultivo é perene e mantém o homem no campo, promovendo o desenvolvimento nas regiões onde é inserida, além de seguir uma das legislações mais severas do mundo.
A planta só pode ser cultivada em áreas degradadas até 2007, respeitando o Zoneamento Agroecológico da Palma de Óleo, decreto 7.172 do Governo Federal de maio de 2010. Além disso, mais de 31 milhões de hectares na região Amazônica foram identificados como aptos ao cultivo da planta pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Atualmente, o país ocupa a 10ª posição entre os maiores produtores de óleo de palma no mundo, com cerca de 300 mil hectares cultivados e 85% da produção concentrada no Estado do Pará, de acordo com a Associação Brasileira de Produtos de Óleo de Palma (ABRAPALMA).
E é neste cenário, a partir do cultivo sustentável da palma, que se insere o modelo de negócio realizado pelo Grupo BBF (Brasil BioFuels), que desde 2008 atua no fomento da agricultura sustentável, extração do óleo de palma, produção de biocombustíveis e geração de energia renovável.
Para o CEO do Grupo BBF Milton Steagall, a cultura da palma reforça a importância do desenvolvimento sustentável na região Amazônica. “Nosso país tem potencial de ser líder global na produção de óleo de palma. É preciso viabilizar formas de manter a floresta em pé, mas também oferecer emprego, renda e riqueza para a população. Podemos contribuir muito para que o mundo tenha estoque suficiente de óleo de palma sustentável para atender aos diversos setores da economia”, afirma o executivo.
Atualmente, o Grupo BBF possui mais de 75 mil hectares cultivados com a palma nos estados do Pará e Roraima, responsáveis pela captura de cerca de 800 mil toneladas de carbono anualmente, gerando mais de 4 mil empregos diretos em cinco estados da região Norte.
O Grupo BBF possui 25 usinas termelétricas em operação na região Norte, gerando energia elétrica para mais de 140 mil moradores atendidos pelos Sistemas Isolados. Um dos destaques é a UTE Baliza – primeira usina híbrida a combinar óleo vegetal e biomassa oriunda da palma – que opera desde 2023 atendendo a população de Roraima – único Estado da federação não integrante do Sistema Interligado Nacional.
Diante o cenário global desafiador, o Brasil pode ser um dos grandes protagonistas no setor da palma nos próximos anos, aumentando sua capacidade produtiva sem derrubar uma árvore de floresta nativa e contribuindo significadamente com o abastecimento desta crescente demanda mundial. “Cabe a nós, juntos, superarmos os desafios diplomáticos e acelerar o acesso ao capital para que seja possível estimular a palma como uma importante commodity do agronegócio sustentável da Amazônia para atender a alta demanda global e suprir o mercado dos óleos vegetais em um horizonte de médio e longo prazo. A palma brasileira ‘é’ e ‘continuará sendo’ a cultura com maior eficiência para a descarbonização de diversos setores da economia.”, conclui Steagall.
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