No país, cerca de 100 milhões de pessoas são consideradas leitoras, é o que mostra o levantamento “Retratos da leitura no Brasil“, realizado pelo Instituto Pró-Livro. A pesquisa, publicada em 2020 e com referência de 2019, mostra que 52% da população leu pelo menos um livro nos 3 meses anteriores à entrevista. E como qualquer outro hábito, a leitura precisa ser desenvolvida, principalmente entre crianças e jovens. O estudo mostra que meninas e meninos entre 5 e 10 anos representam 11,7% dos leitores, enquanto os adolescentes entre 14 e 17 são apenas 9,8%. Dessa forma, escolas buscam incentivar cada vez mais a prática desde cedo em seus alunos, com projetos e com o estímulo para que todos visitem e busquem novos livros na biblioteca das instituições.
Uma boa opção de atividade para estimular os estudantes são os clubes de leitura, nos quais regularmente um grupo se reúne para debater, compartilhar ideias, opiniões e experiências relacionadas ao livro escolhido previamente pelos membros. Em Brasília, o Colégio Sigma criou o Clube do Livro SigLivroLivre, para os estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental – Anos Finais e Ensino Médio.
A proposta do projeto é que a primeira leitura seja escolhida pelo professor responsável de cada unidade da escola, para dar início ao clube, e a partir do segundo encontro, o livro seja escolhido em conjunto. Cada estudante pode sugerir uma história e defender a sua sugestão e, ao final, o grupo vota no preferido. “O clube é um espaço aberto e democrático. É importante que os jovens entrem receptivos e prontos para conhecer, discordar, concordar, ouvir e pensar”, afirma Vanessa Cajá, professora de redação do Colégio Sigma.
Esse tipo de projeto dentro da escola possibilita o desenvolvimento do pensamento crítico e a ampliação da visão de mundo do estudante, segundo o professor de literatura da instituição, Guilherme Alves da Silva. “Primeiro, com a leitura e segundo com o debate feito a partir dela”, afirma. “As visões que os alunos possuem da leitura são múltiplas, logo, acrescentam-se, tornando o debate muito rico e proveitoso. Eles acabam conduzindo o desenvolvimento da discussão no encontro”.
Gabriel Farias, professor de português e literatura, concorda com o colega e aponta que o clube do livro só traz benefícios para os jovens. “O principal é o fato de a leitura poder ser enriquecida cada vez mais quando é compartilhada. Além disso, também auxilia na ampliação do repertório deles e facilita o exercício constante da memória”, afirma.
Os professores também comentam que os alunos entendem a importância do clube do livro dentro da escola. “Eles entendem que o projeto agrega na vida deles por desenvolver o hábito da leitura e por possibilidades de novas análises e perspectivas de mundo, mais conscientes e críticas”, aponta Guilherme. “Além de consolidar o hábito de ler, o clube também expande a consciência e a ‘lente’ que os adolescentes podem utilizar para ver o mundo. É um instrumento poderoso de construção do eu, de relações sociais e da realidade humana”, afirma Vanessa.
E os estudantes estão empolgados com o início de um novo ciclo do SigLivroLivre. “Principalmente aqueles que gostam de ler, uma vez que veem a possibilidade de trocar ideias com os colegas sobre o que estão lendo”, conta Gabriel. “É um projeto que tende a despertar e gerar um encantamento nos alunos”, finaliza Vanessa.
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