Os hábitos saudáveis podem ser grandes aliados de pacientes em tratamento contra o câncer. Nesse sentido, o próprio Instituto Nacional de Câncer (INCA) tem sua cartilha Estilo de vida saudável durante e após o tratamento de câncer. Realizar atividades físicas e melhorar a alimentação durante o tratamento são algumas das orientações presentes no compilado desenvolvido pelo órgão do Ministério da Saúde.
Um estudo da Universidade Federal de Sergipe (UFS) que analisa a influência da saúde mental durante o tratamento de pacientes com câncer de mama corrobora para a tese de que o cuidado com mente, corpo e alimentação são importantes vetores para a melhora desse tipo de doença. De acordo com a pesquisa, pacientes que possuíam acompanhamento psicológico durante o tratamento oncológico mantiveram maior funcionalidade psíquica se comparado àqueles sem adesão ao serviço de psicologia.
A apresentadora de TV Melissa Paula, que já foi diagnosticada duas vezes com câncer de mama, declara ser prova viva de que essa relação existe. “A luta contra o câncer faz parte da minha vida há alguns anos e cuidar do meu emocional foi o que me salvou de um abismo que poderia ser ainda maior desde que recebi meu primeiro diagnóstico”, relata a apresentadora do Programa Saber Viver, da TV Alterosa.
“O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres, ficando atrás apenas do câncer de pele. Ele pode se apresentar de várias formas, sendo o nódulo, ou massa ou caroço, a forma mais recorrente. O diagnóstico precoce, principalmente através da mamografia, aumento muito as chances de cura, aumentando a sobrevida das pacientes, facilitando o tratamento e reduzindo as possibilidades de metástases, que é o aparecimento do tumor em outros órgãos do corpo,” explica o médico Marco Antônio Abrahão Reis, médico mastologista e coordenador do Serviço de Mastologia do Hospital Felício Rocho.
“Medo, angústia e stress foram os primeiros sentimentos que vieram à tona com a descoberta do meu câncer de mama. Em seguida, veio o baque na autoestima, já que os seios são parte da nossa identidade de mulher e acabei optando pela mastectomia completa, ou seja, retirei toda a minha mama. Hoje vejo que foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado”, explica Melissa Paula. “O acompanhamento psicológico, a procura por manter hábitos saudáveis e a fé foram e são meus grandes aliados durante essa jornada pela vida”, conclui a apresentadora.
Para a médica Consolação Oliveira, que é especialista em nutrologia, fisiologia hormonal e medicina ortomolecular e que também passou pelo câncer de mama, o cuidado com a alimentação e com outros hábitos saudáveis são premissas a serem levadas em conta do diagnóstico até o fim da vida.
“O fato de um paciente precisar implementar hábitos saudáveis na sua rotina e controlar a alimentação desde que descobre uma doença como o câncer não é necessariamente algo ruim. Pelo contrário, a alimentação e o combate ao sedentarismo são oponentes importantes ao câncer e podem, inclusive, ajudar para a sonhada remissão da doença”, esclarece a médica.
Segundo Consolação Oliveira, evitar o açúcar e inserir verduras e legumes são ações eficazes. “Cortar o açúcar é uma tarefa simples que ajuda a desinflamar e melhorar o funcionamento dos órgãos. Além disso, descascar mais frutas, legumes e verduras e desembalar menos industrializados é essencial para fortalecer a imunidade de quem está tratando o câncer. Nesse momento, suplementar o corpo e ingerir vitaminas e nutrientes indicados pelo médico de sua confiança de acordo com a análise dos exames laboratoriais são comportamentos capazes de auxiliar na melhora do quadro e, eventualmente, na cura”, completa.
A especialista pontua que uma boa saúde pode ajudar na longevidade. “Viver mais é um anseio de pessoas com e sem câncer, mas chegar lá com qualidade de vida e disposição é o grande desafio. Exercitar-se e cuidar da alimentação é um bom caminho para isso, além de contribuir para que o paciente não tenha recidiva da enfermidade”.
Alimentação saudável é aliada no tratamento de outras doenças
Ainda de acordo com a médica Consolação Oliveira, a alimentação também é peça fundamental durante o tratamento de doenças crônicas, por exemplo. “Artrite reumatoide, Tireoidite de hashimoto, Síndrome de Sjogren e a Vasculite são doenças que não têm cura, mas têm tratamento, e a melhora dos pacientes com esse tipo de enfermidade passa pelo cuidado com a alimentação. Além disso, condições como a fadiga da supra renal são amenizadas a partir de um plano alimentar pensado por um médico especialista”, completa a médica.
Todavia, a prevenção ainda é a melhor forma de reduzir os riscos de ter câncer de mama. “Atividade física regular e hábitos alimentares saudáveis ajudam a reduzir a incidência e melhoram o prognóstico das pacientes que são diagnosticas com câncer de mama. Manter um rastreamento periódico com especialista permite um diagnóstico precoce e reduz a mortalidade associada ao câncer de mama. Já a Sociedade Brasileira de Mastologia orienta que todas as mulheres, com risco habitual, devem começar a realizar mamografia aos 40 anos e, para aquelas com risco aumentado, como quem tem história familiar positivo, é importante um acompanhamento especializado e apropriado de acordo com cada perfil”, conclui o médico do Hospital Felício Rocho.
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