Nos últimos anos, uma série de estudos referentes à medicina regenerativa foram publicados em revistas científicas ao redor do mundo. Esta modalidade de tratamento é realizada através do enxerto autólogo de células mesenquimais colhidas da camada gordurosa subcutânea através de um procedimento que visa regenerar ou reparar tecidos por meios naturais para fins de cicatrização, rejuvenescimento e restabelecimento de funções anatomofisiológicas normais.
No periódico “Aesthetic Surgery Journal”, por exemplo, foi publicado, em dezembro de 2014, o estudo “Injeção superficial de gordura fluida aprimorada para corrigir defeitos de volume e envelhecimento da pele da face e da região periocular”.
Já o “International Journal of Regenerative Medicine” publicou, em julho de 2020, uma pesquisa denominada “Transplante capilar na alopecia cicatricial: o papel da transferência autóloga de gordura”.
“Como ortopedista que segue uma linha menos invasiva e mais integrativa, tenho acreditado no potencial de tratamento de diversas condições ortopédicas e de dor com o uso de células mesenquimais do tecido gorduroso subcutâneo”, afirma a médica ortopedista Dra. Tarsila Sato Nakao. “Conseguimos, através dessa técnica, retardar alguns processos degenerativos e promover melhor qualidade de vida ao paciente”, diz ela.
Para a Dra. Nakao, é positivo poder atuar com uma técnica que utiliza material autólogo, com menor chance de complicações e que dispensa internação. “Explico aos pacientes que uma abordagem ampla de sua condição é importante para o tratamento, envolvendo reforço muscular, manejo de estresse e cuidado com a saúde emocional”, afirma. “É preciso buscar entender, junto com o paciente, o que levou a desenvolver tal condição de dor ou lesão. Conhecendo a causa é mais fácil aderir ao tratamento de maneira intencional e atingir melhores resultados”, considera.
O médico coloproctologista Prof. Dr. Carlos Mateus Rotta, PhD, chama a atenção para o uso de células mesenquimais do tecido gorduroso subcutâneo em tratamentos regenerativos, que acontece por meio de um dispositivo específico e sistema fechado. “Realiza-se a coleta de núcleos de células gordurosas do tecido subcutâneo (15 milímetros abaixo da superfície da pele) que serão misturados com soro fisiológico”, descreve. “Após um simples processo de decantação, separa-se o componente sanguíneo das células gordurosas que contém grande quantidade de células mesenquimais (que possuem alto potencial regenerativo)”, completa.
Em seguida, de acordo com o especialista, as células mesenquimais são fluidificadas mecanicamente para, depois, poderem ser enxertadas em diferentes regiões do corpo do próprio paciente de onde foram retiradas, de acordo com o objetivo do tratamento, que, como ele ressalta, “já é amplamente utilizado e validado cientificamente por diversas especialidades médicas, como ortopedia, ginecologia, cirurgia plástica, dermatologia, vascular e proctologia”.
Dr. Rotta destaca que, entre os resultados observados em pacientes a partir deste tipo de tratamento, é possível destacar: regeneração e cicatrização de lesões complexas, reconstrução de tecidos, melhora da elasticidade da pele, rejuvenescimento dos tecidos e melhora das condições anatomofisiológicas da região tratada.
“Todos os efeitos possuem curva de atingimento do seu ápice após o período médio de 180 dias. Ou seja, o procedimento leva em torno de seis meses para atingir o pico do efeito, mas os primeiros resultados já são visíveis em poucos dias após a realização do enxerto autólogo”, explica o especialista.
“O uso de terapias regenerativas com uso de enxerto autólogo de material orgânico do tecido gorduroso subcutâneo tem demonstrado resultados positivos no tratamento de feridas crônicas, revelando-se uma alternativa promissora”, conclui o cirurgião vascular Dr. Eliud Garcia Duarte Junior.
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