Agronegócio: governança corporativa é desafio para startups

Uma pesquisa feita pela consultoria PwC Brasil investigou se as startups de agronegócio estão atendendo às expectativas dos investidores no quesito governança corporativa. A conclusão do estudo foi que muitas empresas ainda não desenvolveram estratégias em gestão de pessoas e recursos.

Como exemplo, 32% dos investidores ouvidos disseram esperar que startups em fase de validação (na qual o produto está em fase de experimentação) já apresentem um conselho consultivo. Ou seja, ter bem definido quem seriam os profissionais responsáveis por assessorar e orientar as decisões da empresa. Entretanto, 0% das startups analisadas alegaram possuir esse planejamento.

Na fase de tração, em que a empresa já lançou o produto no mercado, apenas 25% têm conselho consultivo e 19%, conselho de administração. “A maior expectativa dos investidores nesta fase em relação ao pilar de pessoas e recursos é contar com um conselho de administração que dê apoio estratégico aos sócios na jornada de crescimento da organização”, diz a pesquisa feita em 2023.

A PwC Brasil destaca ainda outro resultado que vê como negativo. “Nenhuma startup do agronegócio na fase de escala [etapa de estabilidade e busca de expansão] pratica todas as atividades recomendadas para a sua categoria no pilar de pessoas e recursos. O dado preocupa”, diz o texto do estudo.

A importância da governança corporativa

No mundo dos negócios, governança corporativa é “o sistema formado por princípios, regras, estruturas e processos pelo qual as organizações são dirigidas e monitoradas”, define o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). O termo, no entanto, ainda pode causar dúvidas entre muitos empreendedores.

“A governança sempre existiu em empresas maiores. Por muito tempo, foi ignorada pelas startups e acredito que há uma dificuldade de entendimento sobre o que é de fato esse conceito, o qual eu resumo em ‘como as coisas devem acontecer’”, sintetiza Elisheva Cesco Martinelli, psicóloga, mentora de carreira e conselheira de startups.

Elisheva aconselha que toda empresa, independentemente da fase em que se encontre, tenha uma governança bem-definida. Mesmo que o foco não seja captar investimentos (ou seja, sem a necessidade imediata de atender às expectativas de investidores), a área é vista como essencial para a continuidade e a boa saúde de um negócio, previne conflitos e faz com que a empresa funcione com maior previsibilidade, explica a profissional. 

Existem casos específicos em que esse processo costuma ser mais complexo. “A implementação das práticas tende a ser mais desafiadora em empresas familiares, as quais representam uma grande parte da atividade de agronegócio”, diz Elisheva. “Além disso, como as hierarquias familiares se sobrepõem às organizacionais, muitas vezes a geração de conflitos tende a trazer desafios não só no âmbito organizacional, mas também no aspecto pessoal.”

“Por isso, além de uma base bem-organizada de governança, é necessário um plano de sucessão no qual as habilidades, conhecimentos e interesses dos possíveis sucessores sejam respeitados”, ressalta a especialista. 

Ela alerta ainda que a falta de uma estrutura de papéis e responsabilidades gera conflitos e coloca em risco o empreendimento. “Implementar uma estrutura de governança é simples e fácil desde que seja feita por pessoas competentes. Difícil e complicado mesmo é não ter governança, ter que decidir tudo na urgência, não se preparar para os desafios de mercado e acabar criando conflitos desnecessários, passando uma imagem negativa a possíveis investidores.” 

Hoje o mercado conta com a possibilidade de contratação de conselheiros por hora, como a proposta de ‘C-level as a service’, explica Elisheva, o que facilita as startups que ainda não comportam executivos em seu quadro. “Assim, a implementação dos pilares de governança fica mais fácil, rápido e barato”, diz.

Dessa forma, como explicado pela profissional e reforçado por referências na área como o próprio IBGC, os benefícios da governança corporativa envolvem melhorias na gestão, facilidade de acesso a recursos financeiros, prevenção de fraudes e monitoramento de riscos.

Apesar de a pesquisa da PwC Brasil levar em conta apenas startups do agronegócio, Martinelli diz que as conclusões obtidas servem de parâmetro para outros tipos de empreendimentos. “O estudo é capaz de guiar qualquer tipo e nicho de empresa que está iniciando e, por consequência, os empreendedores podem adotar um posicionamento proativo”.

Para saber mais, basta acessar: https://patriciacesco.com.br/psicologa-carreira/.

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