Dados do IBGE revelam que a evolução tecnológica no ambiente educacional apresenta disparidades regionais e educacionais no acesso à tecnologia no Brasil. A professora Débora Lima responde algumas questões sobre essa problema no país
Enquanto a infraestrutura tecnológica apresenta avanços em algumas áreas, outras regiões ainda enfrentam desafios consideráveis para garantir acesso equitativo e eficaz aos recursos tecnológicos necessários. Dados revelados por uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destacam a disparidade existente no acesso à tecnologia entre as diferentes regiões e níveis educacionais no Brasil.
No âmbito da educação infantil, a presença da internet banda larga em escolas particulares atinge cerca de 85%, contrastando com a rede municipal, na qual esse percentual se reduz para 52,7%. Quando se trata do ensino fundamental, as estatísticas revelam que a rede escolar dos municípios, embora seja a principal provedora nessa etapa de ensino, apresenta um déficit significativo em capacidade tecnológica, com apenas 9,9% das escolas possuindo lousa digital, 54,4% com projetor multimídia, e 38,3% dispondo de computadores de mesa.
Por outro lado, os dados do Censo revelam que, à medida que os alunos avançam para o ensino médio, a disponibilidade de recursos tecnológicos tende a aumentar, com 80,4% das escolas de ensino médio na rede estadual oferecendo internet banda larga e 79,3% dispondo de computadores de mesa para os alunos.
Informações da pesquisa TIC Domicílios 2022 ressaltam a importância da conectividade domiciliar, evidenciando que cerca de 80% dos domicílios brasileiros têm acesso à internet, embora a inclusão digital varie consideravelmente entre áreas urbanas e rurais.
A professora e Mestre em Ciências e parceira das plataformas educacionais Super Professor e Pazzei, Débora Lima, reforça que ações governamentais que priorizem a ampliação da infraestrutura de conectividade, investimentos em equipamentos tecnológicos e capacitação de professores para a utilização eficaz dessas ferramentas são fundamentais para promover a igualdade de oportunidades educacionais em todo o país.
Para Débora, a criação de programas de acesso digital em comunidades remotas e o fomento de parcerias entre setores público e privado podem desempenhar um papel crucial na redução das disparidades e na promoção de um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e tecnologicamente avançado.
Além disso, a educadora responde a algumas questões sobre os desafios da educação no Brasil.
Quais são as principais dificuldades em sala de aula hoje?
Débora Lima: Existem diferentes dificuldades em uma sala de aula, uma delas se dá pelo encontro de gerações que o ambiente escolar proporciona, aprender com o outro e entender suas necessidades é mais do que empatia, é fundamental no processo de ensino e aprendizagem.
Por que é tão difícil implementar a tecnologia na sala de aula?
DL: O professor atual possui a tecnologia a seu favor, desde a preparação da aula até o uso de ferramentas educacionais, entretanto é preciso reconhecer que o acesso ainda não é universal e expõe fragilidades do sistema educacional brasileiro.
Superado o problema do acesso por meio de equipamentos e conexão com a internet, outros desafios se apresentam, tais como a formação continuada dos docentes e o desenvolvimento de competências fundamentais na construção do conhecimento.
Como isso está previsto pela BNCC?
DL: A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aborda competências gerais para o desenvolvimento do aluno e nelas prevê o uso de diferentes linguagens: verbal, corporal, visual, sonora e digital; além de trazer que a educação deve compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética. Abordar a formação continuada no Brasil transpassa diversos aspectos sociais e políticos, mas em um contexto amplo a atualização é necessária e urgente, os professores precisam se apropriar do que a tecnologia tem a oferecer, desde o desenvolvimento de metodologias ativas, softwares pedagógicos e ferramentas que auxiliam na avaliação formativa.
A professora finaliza ressaltando que os desafios e soluções do uso da tecnologia em sala de aula delineiam uma jornada complexa, mas essencial, para o aprimoramento do processo educacional. A superação das disparidades no acesso, aliada à capacitação docente e à criação de ambientes virtuais inclusivos, emerge como um caminho promissor. A integração responsável da tecnologia não apenas amplia as possibilidades de aprendizado, mas também prepara os estudantes para um futuro cada vez mais digital. Nesse cenário em constante evolução, a reflexão contínua sobre as práticas pedagógicas e a adaptação às demandas tecnológicas são imperativas, visando uma educação verdadeiramente equitativa e alinhada com as demandas da sociedade contemporânea.
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