Incidência de AVC tem aumentado em jovens e pessoas de meia-idade

O acidente vascular cerebral (AVC) é a segunda causa de mortes no mundo, de acordo com levantamento realizado e publicado pela OMS. Além disso, a incidência do problema tem aumentado em jovens e pessoas com menos de 55 anos. Um estudo publicado na “The Lancet Neurology”, conceituada revista científica sediada em Londres, aponta que as mortes​ causadas por AVC podem aumentar 47% e chegar a 9,7 milhões em 2050, superando o número total de 2020 que foi de 6,6 milhões no mundo.

Segundo o estudo, a população de países de baixa e média renda seriam os mais atingidos pela doença. Já o impacto econômico com o tratamento do problema pode chegar a US$ 2,3 milhões, sendo que uma campanha informativa para reduzir em 10% o número de mortes por AVC custaria somente US$ 1 por pessoa nos países mais pobres.

O médico neurologista André Dobrowolski, coordenador do serviço de Neurologia do Hospital VITA Curitiba (PR), destaca que além de ser a segunda doença que mais mata, o AVC é a principal causa de incapacidade no mundo – como a perda da capacidade da pessoa trabalhar, locomover-se e até de alimentar-se ou cuidar da própria higiene sozinha.

O Dr. André alerta sobre a necessidade de agilidade de atendimento, pois quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento do AVC, maiores serão as chances de recuperação completa. “Caso um familiar ou conhecido apresente sintomas súbitos que possam ser AVC, este deve ser levado de imediato a um centro hospitalar que disponha de serviço de Neurologia ou deve-se acionar o serviço de atendimento médico de urgência (192). O atendimento precoce e preciso poderá salvar a vida ou reduzir o nível de sequelas. Por isso, a pessoa precisa ficar atenta aos sinais e sintomas e logo procurar um médico, ressalta o neurologista.

Sintomas que, quando aparecem de forma súbita, podem significar que a pessoa está sofrendo um AVC:

– Perda da força em um dos lados do corpo. Deve-se pedir para a pessoa tentar levantar os braços (como se fosse realizar o movimento de abraçar). Caso haja diferença evidente da força entre o lado acometido e lado normal pode ser um AVC

– Observar se a parte inferior do rosto está desviada. Do mesmo modo que pode acontecer perda de força dos braços e pernas, é preciso ter atenção com a força do rosto, sobretudo a posição da boca. Nesta situação, em especial, deve-se pedir par​a ​a​ pessoa “sorrir” ou “mostrar os dentes”. Caso a boca esteja torta, pode ser um AVC.

– Incapacidade de falar normalmente. Pedir para a pessoa responder algo simples, como, por exemplo, qual é o nome dela e qual é o mês atual. Caso as palavras “não saiam” ou se a fala estiver acontecendo de forma atrapalhada/enrolada, pode ser um AVC.

O médico lista outros sintomas menos comuns que também podem sugerir um AVC:

– Falta de equilíbrio e incapacidade súbita para caminhar em linha reta;

– Dor de cabeça muito intensa (diferente das dores de cabeça habituais da pessoa). Principalmente se tiver iniciado de forma súbita ou se vier acompanhada de outros sintomas como perda de visão ou vômitos;

– Convulsões, desmaios ou ataques epilépticos em pessoas sem história prévia de doença epiléptica.

Mais informações:

O especialista explica que o AVC pode ser classificado em dois grandes grupos:

AVC Isquêmico: ocorre devido um “entupimento” da circulação do sangue em artérias do pescoço ou dentro do cérebro. Esta interrupção de aporte sanguíneo determina que parte do tecido neural deixe de ser alimentado pelo oxigênio e nutrientes provindos do sangue. “Caso esta falha de fluxo se prolongue por algumas horas, ocorrerá o infarto cerebral, com morte das células do cérebro e surgimento de sintomas de acordo com a função da área afetada, que deixa de funcionar”, descreve o neurologista.

AVC Hemorrágico: quando uma artéria do cérebro se rompe e ocorre o extravasamento de sangue em meio ao tecido cerebral, ocupando, portanto, espaços não apropriados, causando muitas vezes compressão e inflamação do tecido cerebral ao seu redor.

“Muitas vezes vemos AVC isquêmicos tão ou mais graves que os hemorrágicos. O que determinará o impacto da doença é o tamanho do AVC, a região acometida do cérebro, as comorbidades do paciente, o tempo decorrido até o atendimento médico e a qualidade dos recursos empregados no tratamento. Vale lembrar que o AVC isquêmico é mais comum (cerca de 85% dos casos) do que o AVC hemorrágico (cerca de 15% dos casos)”, esclarece o Dr. André. 

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