Os bons resultados advindos do PIB relativo a 2023 podem não ser ainda a salvação da lavoura da economia nacional, mas deram novo ânimo para o início de 2024, pois superam em muito a expectativa do início do ano passado. O ano de 2023 fechou com crescimento de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo que a indústria total (transformação, construção e extrativista) avançou 1,6%.

As expectativas para o PIB em 2024 são de crescimento de 1,78%, segundo o Boletim Focus, que reúne projeções do mercado financeiro e é divulgado pelo Banco Central, e vem subindo paulatinamente. O Ministério da Fazenda estima um avanço de 2,2%. Embora as expectativas de crescimento sejam mais modestas que as do ano passado, será mais diversificado, atingindo uma maior variedade de segmentos econômicos. Para a produção industrial de 2024, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) projeta um aumento de 1,8%. 

O crescimento de 2023 foi impulsionado, principalmente, por setores como a agropecuária (15,1%), que se beneficiou de condições climáticas favoráveis e da alta dos preços internacionais de commodities, e a indústria extrativa mineral (4,3%), que também se beneficiou da alta dos preços internacionais de commodities, principalmente o petróleo.

No conjunto da indústria, a extrativa, que inclui a exploração de petróleo, gás natural e minérios, teve uma participação de 3,5% do PIB brasileiro em 2023. A participação da indústria extrativa na economia nacional vem crescendo nos últimos anos, o que pode ser explicado pelo aumento da produção e exportação de commodities, principalmente para a China.

A indústria de transformação, que inclui a produção de bens duráveis e não duráveis, por sua vez, caiu 1,3%. Esse segmento teve participação de 22,5% no PIB brasileiro em 2023. O crescimento do setor foi lento, de apenas 1,2%. O desempenho fraco da indústria de transformação pode estar relacionado a diversos fatores, como a desaceleração da economia global, a alta dos juros, a inadimplência dos consumidores e a perda de competitividade da indústria brasileira, segundo avaliação da Fiesp.

Por outro lado, a indústria da construção, que inclui obras civis e residenciais, teve uma participação de 7,2% no PIB brasileiro em 2023. O crescimento do setor foi moderado, de 2%. Seu desempenho foi impulsionado principalmente pela construção de obras civis, como rodovias, ferrovias e portos, e pela recuperação do mercado imobiliário.

 REFORMAS ESTRUTURAIS

Para o empresário José Roberto Colnaghi, presidente do Conselho da Asperbras, conglomerado que atua em diversas áreas da indústria e do agronegócio, os números que emergem de 2023 apontam um caminho para o país. Ele passa pela reindustrialização, com ênfase na indústria de transformação e que deve se consolidar por meio de um ambiente favorável aos negócios, com juros baixos, segurança jurídica e responsabilidade fiscal. “O Brasil já experimentou outros caminhos, que não deram certo. É hora de colocar a casa em ordem e plantarmos desde já o crescimento sustentável”, afirma Colnaghi.

“Com a inflação sob controle será possível manter o poder de compra das famílias, o que estimula o consumo. Sem esquecer que uma eventual alta dos juros pode encarecer o crédito e prejudicar o investimento”, argumenta josé Roberto Colnaghi, que conhece a realidade da indústria de perto, por meio da GreenPlac – produtora de placas de madeira certificada do grupo Asperbras e que já recebeu cerca de R$ 1 bilhão em investimento.

José Roberto Colnaghi defende ainda os investimentos em infraestrutura, que podem dar gás ao crescimento da indústria da construção. A implantação de reformas estruturais, como a tributária e a administrativa, melhorando o ambiente de negócios, favorecem a entrada de investimentos. “Além disso, a recuperação da demanda interna, impulsionada pelo aumento do emprego e da renda, pode dinamizar o crescimento da indústria de transformação”, conclui.

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