O Dia do Cão-Guia que é celebrado anualmente, na última quarta-feira do mês de abril, visa conscientizar sobre a importância desses animais e seu papel na inclusão social das pessoas que apresentam alguma deficiência visual, assim como levar ao conhecimento da população sobre como agir ao encontrar um cão-guia que estiver a trabalho.
As primeiras documentações de cães exercendo o papel de guia são do século 16. Segundo a Federação Internacional de Cães-Guia, o primeiro treinamento especializado neste suporte foi em meados de 1780, no hospital para deficiência visual Les Quinze-Vingts, em Paris, mas apenas em 1916 foi fundada a primeira escola exclusiva para a formação do cão-guia.
No mundo, estima-se que a cegueira afeta mais de 39 milhões de pessoas e 246 milhões tem perda moderada ou severa de visão, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). No Brasil existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 582 mil cegas e 6 milhões com baixa visão, segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Porém, o número de cães-guia em relação ao de pessoas com deficiência visual é extremamente baixo.
A lei federal 11.126/2005 e o decreto 5.904/ 2006 asseguram o direito de ingresso e permanência do cão-guia junto ao seu tutor, instrutor, treinador ou voluntário socializador em qualquer ambiente de uso coletivo.
“Portanto, é preciso respeitar tanto o acompanhante, quanto o animal, independente da fase de treinamento ou atuação que se encontre”, salienta Vininha F. Carvalho, ambientalista e editora da Revista Ecotour News.
O processo de formação de um cão-guia leva em média 18 meses e é coordenado por instituições especializadas nesse tipo de treinamento. Aos dois meses de vida, o cão-guia fica sob a guarda de uma família socializadora, que ficará responsável, durante um ano, por sua apresentação à sociedade e atividades comuns do dia a dia, como utilizar o transporte público, ir a bancos, parques, entre outros lugares.
“Após a conclusão do treinamento, os cães são cuidadosamente combinados com um usuário, considerando fatores como estilo de vida, personalidade e preferências”, comenta Marina Meireles, médica veterinária comportamentalista no Nouvet, centro veterinário de nível hospitalar em São Paulo.
Os cães-guia ficam em atividade por aproximadamente 8 anos, já que começam a trabalhar por volta do segundo ano de vida.
A formação de cães-guias é uma tarefa que encontra muitas adversidades, desde a ausência de recursos financeiros para a manutenção e treinamento dos animais até a falta de centros especializados que ofereçam o serviço.
O Instituto Magnus é uma das instituições brasileiras que desde 2016 treina e doa os cães-guias às pessoas com deficiência visual que se enquadram nos requisitos necessários. O aumento constante da fila de espera da instituição prova que a pessoa com deficiência visual está, cada vez mais, em busca de uma melhor qualidade de vida e independência.
“Além dos comandos básicos, os cães-guia são treinados para tomar decisões independentes, focadas em manter a segurança de seus tutores. O cão-guia se torna extensão do corpo da pessoa com deficiência visual. Além de guiar, o cão tem o papel de promover a inclusão através do aumento das interações sociais, ganho de autoestima entre outros benefícios”, conclui Vininha F. Carvalho.
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